NÃO GOSTO DE OLHOS TRISTES
Tento, inutilmente, escrever, em uma clara tentativa de fuga.
O álcool já não apresenta passagens, o cigarro transformou-se em mais uma prisão.
Vejo as pessoas que me rodeiam, em seus olhos a denúncia explícita de sofrimento – é incrível como desenvolvemos a capacidade de fazer sofrer a quem nos ama.
Não consigo olhar em seus olhos. Os dias, outrora tão felizes com minha presença, são dosados a angústia.
E também sofro, silenciosamente, engolindo qualquer possibilidade de manifestação deste sofrimento.
Absolutamente tudo parece ter saído dos trilhos, e nessa vida que descarrilha, aqueles que ocupam vagões fundamentais também saem do percurso natural.
Não gosto de olhos tristes.
Queria eu poder recolocar tudo em seu devido lugar, mas me vejo impotente.
Definho.
Toda manhã - uma nova possibilidade?
Um fardo a ser carregado, cada vez mais pesado.
- Mas foi você que procurou!
- Eu sei!
Definho.
Não gosto de olhos tristes.
***
Perdão!
Parece pouco,
Mas é tudo que posso dispor.