Nuvens, as cortinas do céu

NUVENS, AS CORTINAS DO CÉU

Por Luiz A G Rodas

Sempre que possível, costumo nutrir a imaginação ao observar, durante minhas viagens, a natureza em movimento, mesmo que esta pareça tão árida, tão devastada.

Quem prefere dormir ou manusear o celular, durante o trajeto, não sabe o que está perdendo.

Acima das nossas cabeças está uma ilimitada tela multicolorida, emoldurando nossos sentimentos em uma discreta presença de Deus.

Um gratuito, embora raro, espetáculo divino em cenário de céu anil, de tons dourados por uma luz solar poente, refletida nas gotas cristalinas das chuvas a banhar os rochosos montes e as verdes planícies. Momentos, entre tantos outros, que nos fazem lembrar da condição de herdeiros do Universo.

E esse imenso e ilustrativo teatro da vida, esconde, através de belas cortinas em nuvens de algodão, a profundeza dos atos.

Particularmente, as considero flores celestes que, mesmo passageiras, são cultivadas no meu horizonte imaginativo, regadas por naturais sorrisos, por inefáveis encantos, de incontestáveis elementos decorativos do meu coração.

Nuvens, que como nós, ora parecendo frágeis ou sensíveis, ora se mostrando nebulosas ou tenebrosas e, por suas variadas formas e tamanhos, assemelham-se aos nossos pensamentos tão instáveis, tão dinâmicos, tão voláteis. As quase despercebidas nuvens têm a força e o poder de encobrir a lua, o Sol. Também, através de pequenas atitudes camuflamos muito do nosso ser, do nosso íntimo.

Enfim, uma canção silenciosa a embalar um sicronizado balet de partículas, pode, dependendo da imaginação do expectador, ser a fiel composição do seu estado d'alma.

E quando, saudosamente, se vão, essas nuvens, ditas passageiras, levam consigo nossas amarguras presentes, nossos desgostos espirituais e os sobressaltos do coração.

Sempre nos deixam, na despedida, a limpidez de um céu azulado e um divino e valioso espelho a refletir a imagem da única pessoa capaz de iniciar o caminho para a felicidade plena.

Lembrando que o "nevoeiro da incredulidade" foi dissipado pelo clareamento da fé.

A cada entardecer tenho recebido a promessa Divina, através do aviso de um sol baixinho, bordando em derretido ouro, os meus sonhos... a minha paisagem interior.

Luiz Rodas
Enviado por Luiz Rodas em 24/07/2017
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