SEMPRE ESPERE, ...UM POUCO MAIS

Uma empresa de pequeno porte vinha passando por dificuldades financeiras, perdendo clientes, parceiros de tempos e as perspectivas futuras não eram boas.

Duarte, o dono, vendo seu negócio correr riscos de até conseguir manter-se no mercado resolve procurar um algo diferente, precisava retomar os trilhos. A possibilidade de fechamento e mesmo demissões, queria ele afastar da sua cabeça, pois seria um duro golpe para todos naquela empresa.

Nesta empresa havia quarenta e cinco funcionários diretos e mais quinze indiretos, tais como representantes comercias e a terceirização de limpeza e vigilância.

Seu Duarte sabia que teria e precisaria fazer de tudo para que a crise não refletisse nas famílias de seus colaboradores e mantê-los por perto é o que ele mais queria. Lutava para nem mesmo ter que reduzir o quadro de pessoas, mas algo emergencial e bem concreto deveria ser feito dado a premência do fato. Outro fator importantíssimo em questão era que numa eventual onda de demissões perderiam se funcionários capacitados. Haja vista os vários cursos oferecidos pela empresa, pois sempre procurou motivar os seus e pensar em perder mão de obra qualificada, além de uma irreparável perda também denota o fato de municiar o concorrente direto, e tudo isso não é nada inteligente, essa é a verdade.

Duarte comenta com sua esposa á cerca do que vem fazendo-o perder o sono e no que infelizmente evidenciava o desenrolar daquela crise.

Sua esposa sempre muito atenta e intuitiva vendo a gravidade da situação num insight sugeriu ao marido que fosse a casa de sua irmã Maria para conversar com Francisco seu cunhado. Ela o lembra que com seu vasto conhecimento e experiência ele por certo poderia dar-lhe subsídios e quem sabe uma grande ideia viria á luz, nessa atual e terrível conjuntura. Concordando com que fora dito Duarte o procura para ouvi-lo e sabe ele que a competência do cunhado.

Que tiremos das piores situações um linimento para a nossa dor e foi isso que caiu feito uma luva nas mãos Do cunhado Francisco. Agradecido tanto pela lembrança e a possibilidade de ser útil novamente o fez renovar dando-lhe uma sobrevida a sua tão entediante rotina.

Francisco até então por varias oportunidades se projeta a prestar serviços de consultoria em seu escritório direto da sua própria casa, isso depois de sofrer um grave acidente no trânsito. Este acidente provocou uma lesão irreversível na coluna deixando-o preso a uma cadeira de rodas.

Depois dessa incipiente conversa pede a Duarte que aguarde, pois iria pesquisar um pouco mais sobre o assunto, mas sem falta no outro dia voltariam a conversar e com certeza uma definição mais clara e convincente seria encontrada e discutida.

“Assim se deu, no outro dia bem cedo já "estava de pé", bom desculpem a hipérbole empregada, mas é que a empolgação era tamanha que até sua esposa Maria chama a sua atenção pedindo-o que volte para cama, pois o dia nem havia amanhecido ainda”.

Nem precisa dizer que o eufórico ‘garotão’ faz de conta que nem era com ele a conversa, ficando a andar pra lá e pra cá esperando a chegada do cunhado para irem até a fábrica.

Lá Francisco ilustra a Duarte o cenário atual do Brasil, parecendo que jamais havia afastado do mercado empresarial.

Foi aí que diz ter estudado a fundo o tipo de negócio da empresa e de forma mais transparente e justa possível revela a crise do setor. Antes que Duarte perca as esperanças diz:

-Cunhado isso que falei é fato, não tem nada que eu, você ou quem quer que seja possa fazer para mudar, mas... . Se parte dos itens fabricados em madeira forem substituídos por outro material alternativo acredito num reaquecimento e numa retomada ao mercado rapidamente e/... . Sem deixá-lo concluir a explanação Duarte o interrompe:

-Como assim? Que material seria esse?

Nessa hora mais parecia dois moleques grandes e sonhadores confabulando. E isso provocava risos rasgados nas esposas, com intervenções dos cunhados concentradíssimos na conversa.

Simultaneamente e antes que os “meninos” terminassem o assunto, elas viriam com outra grande contribuição indo ao encontro na reativação e oxigenação da empresa, mas esperaram o fim da reunião para dar-lhes a notícia.

A ideia delas, muito louvável por sinal foi de que elas mesmas supririam a prestação de serviços de limpeza e para tanto já alinhavaram a criação de uma empresa, com nome estabelecido inclusive, chamaria se: - “N.O.R.M. A limpeza e higienização” (N.O. R de Norma e M.A de Maria evidentemente).

A ideia foi tão bem aceita que os quatro saíram dali direto para comer uma pizza no outro lado da rua comemorando os novos ventos.

A partir daquelas decisões, já no dia seguinte bem cedo todos passaram a ir para empresa diariamente e ninguém conseguia acordar mais cedo que Francisco.

Maria que o diga já que o marido parecia um maluco falando sozinho e até suas mãos falavam também, o homem tava demais.

Bem mais confiante o empresário vislumbra boas novas a empresa e pensa que o fantasma da falência acabava de desaparecer e para sempre se Deus quiser, diz o senhor Duarte!

As idas e vindas de Duarte logo cedo quase vem a provocar um equívoco de conseqüências irreversíveis.

Antonio um dos mais antigos empregados e seu amigo pessoal, o flagra por várias manhãs bem cedo, buscando uma mulher moradora próxima de sua casa. Intrigante coincidência, pois sabia ser esta casada e que seu marido era um deficiente físico.

Alguma coisa fugia de seu entendimento e isso se repetiu por varias vezes até que o empregado pensa em falar com seu Duarte, que antes de patrão era seu particular amigo.

Antonio pensara que o amigo estivesse sentimentalmente envolvido com aquela mulher, sem saber do grau de parentesco entre ambos é claro.

A agonia de Antonio só aumentava até que num certo dia Duarte o chama em seu escritório para conversar. Sabe-se lá o que passava na cabeça de empregado, mas foi inclusive, se fosse o caso aproveitar para ter a conversa que tanto relutava com o patrão. Trêmulo Antonio entra e é convidado a sentar.

Depois de algumas voltas Duarte abre todo o jogo e revela-o toda situação por qual passou a empresa e as ações de na tentativa de sanear aquele ‘problemão’.

Tudo explicado e aclarado e então Duarte pede ao amigo que o ajudasse indo buscar sua irmã e seu cunhado trazendo-os até a empresa.

Reticente Antonio o responde: Sim,..., sim senhor seu Duarte.

Em seguida sai e arrependido por maliciar a situação, aprende que um comentário que talvez pudesse fazer a outras pessoas poderia melindrar um inocente.

-Aprendamos com isso que: “Antes de se tirar conclusões definitivas, por mais que evidenciada seja a certeza de um fato, que esperemos um tempinho mais, repito, antes de se tomar uma decisão”.