MEU PÉ DE JENIPAPO

O P É D E J E N I P A P O

Lembro-me como se fosse hoje...

Sua mão pesada, dando-me uma sonora palmada,

Que doeu mais por dentro que por fora.

Ele era o meu herói, o meu ídolo...

Olhava para ele com profunda admiração

E via nele o homem que poucos podiam ser.

Não me recordo o porquê do castigo,

Só sei que o decepcionara,

Que perdera a sua confiança.

Senti meu mundo de criança de pouco mais de cinco anos cair.

Corri para os fundos do quintal,

As lágrimas correndo pelo rosto,

Num choro dorido e silencioso

E me refugiei no mais alto galho de meu pé de jenipapo.

Abraçado ao tronco, as lágrimas escorrendo pela árvore,

Meu coraçãozinho de criança batia acelerado,

Sentindo-me abandonado por quem eu tanto amava,

Certo de que o perdera para sempre.

Foi então que ouvi sua voz:

-Filho... me desculpa... desce...vem com o pai.

Meu coração se agitou. E meu céu tornou a se abrir.

Lá do alto, olhei para baixo,

E vi nele o homem que um dia eu queria ser.

Desci rapidamente, e antes de chegar ao chão,

Já senti seus braços fortes me segurando,

E naquele abraço, a certeza de que nunca mais o decepcionaria.

Pedro Lodi
Enviado por Pedro Lodi em 31/07/2017
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