Conheça nosso inimigo: nem governo, nem corporações, nem bancos

Vivemos hoje um contexto de crise política com escândalos e muita, muita corrupção. Nessa onda de provas e delações, as pessoas estão sendo muito espertas em lembrar do papel das corporações em corromper nossa organização política; porém, falta atentar-se para uma verdade sobre todo esse jogo de influência e poder: Quem materializa esse inimigo? Quem se esconde por trás dele?

Governos, corporações, empresas, bancos e instituições são reconhecidos pela lei como pessoas jurídicas: associação de pessoas físicas em prol de algum objetivo em comum. Sendo empresas, o objetivo tende a executar uma atividade e ser remunerado por ela, gerando lucro para seus sócios, movimentando lateralmente a economia com suas próprias demandas (compras de bens e de serviços), tanto por recursos materiais quanto por recursos humanos (os funcionários), sendo, portanto, extremamente importantes para nossa economia, pois permitem uma organização separada de nossa vida privada, um foco em negócios. Sendo governos, o objetivo é administrar o bem comum, inclusive as leis que regulam e limitam as possibilidades das pessoas físicas, empresas e de si mesmo (governo), como uma grande empresa de todos os cidadãos do país.

Deixando mais claro, governos e empresas são "pessoas" fictícias. Não existem por concreto, mas sim, por abstração de leis, objetivos e vontades.

Todas essas instituições agem, na verdade, pela vontade de seus administradores, que são pessoas físicas como todos nós, com suas próprias vontades, ambições, famílias, amigos, problemas, transtornos. Essas pessoas controlam os bancos, sim, grandes empresas também, mas governo principalmente, seja diretamente por serem os eleitos (ou CC's - cargos de confianças - de eleitos) para administrar ou legislar, seja indiretamente pela sua influência pessoal, geralmente pelo tamanho de seu poder econômico, que influencia principalmente acionistas (os quais lucram), funcionários (aqueles que se sustentam), mas também políticos corruptos (que se vendem para moldar as leis conforme os objetivos de lucro de determinada empresa, à revelia da vontade geral dos cidadãos).

Nesse último item, temos a pessoa tóxica, o inimigo, para a nossa sociedade, que não se personifica por um banco ou por uma empresa, nem por um partido, nem por um governo. Esse ser se materializa na pessoa física que, efetivamente, age por trás de tudo isso e usa de sua humanidade (principalmente por ambição e egoísmo) para torcer todo o sistema político, jurídico e econômico, a fim de se eternizar no poder, na riqueza, às custas do bem comum e com a ajuda de várias outras pessoas físicas igualmente corruptas que estão dispostas a pisar no povo para ter uma parte desse poderio para si. É uma organização que poderia ter seu próprio CNPJ com sua atividade principal como "manipular tudo para si", mas isso dedo-duraria suas intenções nefastas e, portanto, tal empresa nunca é criada, pelo contrário, eles se escondem por instituições que possuem finalidades legítimas: as de prestar algum serviço útil à população.

Portanto, não se deixem enganar! Precisamos encontrar essas pessoas concretas, pois as jurídicas mudam nome, razão social, endereço da sede, atividade principal, sócios, donos, administradores. Então, destroem-se, somem e se reorganizam naquelas mesmas esferas de influências: as pessoas físicas, com nome, sobrenome e CPF, com corpo, cérebro e atitudes. É com elas que devemos ter esse cuidado, procurando cassá-las, retirando-as do nosso convívio social - prisão neles!

REFERÊNCIAS:

MENGER, Jonathan. A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE NOMES CONCRETOS E ABSTRATOS À LUZ DA VISÃO NORMATIVO-GRAMATICAL DA LÍNGUA PORTUGUESA: Uma proposta de intervenção didática.

MIRANDA, Pontes de. TRATADO DE DIREITO PRIVADO (atual. Por Vilson Rodrigues Alves). Bookseller, 1999.

Publicado originalmente em https://jonathanbmletras.wixsite.com/resenhando/single-post/2017/05/20/Conhe%25C3%25A7a-nosso-inimigo-Nem-governo-nem-corpora%25C3%25A7%25C3%25B5es-nem-bancos , em 20 de maio de 2017.

Tags: substantivo abstrato; substantivo concreto; política; pessoa jurídica; empresas; corporações; governos; bancos.