A FÔRMA DO ÓDIO

Homens usam avessamente a religião para nos dizer que não somos dignos do amor de Deus, a mídia diz que não somos dignos de sermos nós mesmos dentro da verdade individual que somos, a sociedade nos diz que não somos dignos sem termos abundante dinheiro, a família diz que não somos dignos se não nos enquadramos na sua ideologia representacional. Com todo este negativo sistema de crenças fomentado diariamente será mesmo tão fácil assim nos amar enquanto pessoa única? O ódio gratuito e autoaversão são sementes de simples manejo e cuidado, seu cultivo demanda pouco esforço e a colheita gerada é farta. Homens autoproclamados sábios maiores nos ensinam a arte de nos odiar, o gosto pelo desprezo próprio e indignidade, e desta forma, espalhamos inconscientemente um ideal irreal a ser seguido, uma vez que, almas fragilizadas necessitam de suporte e alguém que intencionalmente o ofereça a custo razoável seja monetário ou obediência cega. Esta é uma administração não velada, porém totalmente disfarçada com boa intencionalidade, tudo grita: Odeie a si! Odeie a si! Ao nos abominar automaticamente nos guiamos em cabresto em busca de espelhamento do melhor massificado e da salvação padrão imposta. Bom remédio nós teríamos ao nos darmos autossatisfação forjada em densa alma, tal sentimento, seria veneno para qualquer empreendimento facilitador da dor que vende aceitação mediante o cumprimento das expectativas determinadas em fôrmas. Hoje mais maduro, ainda questiono: Me odeio? E a resposta vinda num negro hino faz tremer os ossos sedimentados nesta velha carne, pois invariavelmente me reconheço como o produto final esperado pelo ditador mercado de condicionado acolhimento dos iguais.