Ela entrou na sala e disse:
— Amiga, estou precisando muito de você. Faria-me um favor?
— Claro! O que seria? — respondi solícita.
— Vou a Formiga amanhã para uma visita técnica — disse apreensiva — é uma coisa rápida, devo voltar por volta das 15 horas, mas se eu me atrasar você poderia, por gentileza, pegar o Davi na escola pra mim às 17 horas?
— Com certeza! Sem problema algum! Só preciso que você me apresente ao Davi e me autorize junto à direção da escola.
No final do expediente, na porta da escola, fui apresentada à diretora e a Davi:
— Davi, essa é a minha amiga, a Suze. Como eu te falei, se eu me atrasar amanhã ela virá te buscar — e acrescentou tentando animá-lo: na casa dela tem cachorrinho, tem gatinho, tem quintal grande pra você brincar, tem DVD da Galinha Pintadinha, tem...
Procurando ser solidária com minha amiga na difícil tarefa de convencê-lo que ir para minha casa não seria assim tão tedioso, sublinhei: — Quando eu vier te buscar amanhã, Davi, a gente passa no supermercado, compra umas coisinhas gostosas e vamos pra casa comer e ver desenho enquanto esperamos sua mãe. Vai ser muito legal, muito divertido, tá?
— Tá.
De volta pra casa fiquei apreensiva imaginando se eu havia despertado confiança e segurança no pequeno Davi, de apenas 7 anos: — Será que havíamos conseguido convencê-lo a vir comigo? Será que se animou com a pequena "disneylândia" que a mãe lhe prometeu que encontraria na minha casa?
No dia seguinte, Maria Elisa chegou de Formiga bem mais cedo do que previra: às 13 horas. Às 17 foi buscar o filho. Quando o portão da escola se abriu e Davi lhe foi entregue pela diretora ouviu do filho:
— Ah não, mãe! Ocê aqui? Cadê aquela grandona?
© Suzana França 2017: Da série: Histórias que a vida me deu.