livro sobre a cracolândia - escrito 1

A noite despetalara-se gelada.

A cidade seguia com suas cicatrizes e feridas não de todo fechadas, por uma administração fascista, excludente, elitista, que persegue, até desmaiados nas ruas, aos indigentes.

Naquele dia, para a cracolândia, apenas um outro de agonia, a manhã com olhares desnorteados, nem começara seus rugidos esfomeados, mas, a água gelada esguichada, feito um dos chicotes da morte, caīa sobre os corpos subnutridas, feridos, com pruridos, que denunciam na administração pública, a sua própria zombaria, em relação àquelas súplicas.

F...era o seu nome, personagem de canções de agonia, nunca de alegria, e muita dor e muita fome, quando a dignidade deserda o homem.

Essa ė a sua história, aquela que desconstrói suas emoções a partir das memórias.

Sua mãe fora estuprada pelo próprio pai. Fugiu de casa chorando e implorando: "O Senhor!!!...Acalentai os meus ais..."

E sozinha, com aquele desespero que a todos definha, partiu para a luta, se entregando à voracidade cega dos filhos da puta, naquele itinerário solitário que, a quem o segue, eletrocuta.

Foi vender o seu corpo jovem.

Dizia: "Abutres da religião, me imploram, me devorem e gozem...Sou a puta, a perdida, me apontem nas ruas com seus dedos cruéis por tanta hipocrisia envilecida. Ė a vossa sociedade e não eu, a agredida, sou apenas outra dentre suas frutas apodrecidas...

Lhe havia avisado seu professor, esse é um caminho seguro para a dor.Pegue um pouco de coragem e se auto injete. Ė dura a caminhada em terra de periguete, você saiu de linha, em teu mundo, sö as virgens são rainhas.

BARTHES
Enviado por BARTHES em 27/08/2017
Código do texto: T6096515
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