CORRUPTOLÂNDIA

Era uma eterna vez um país chamado Corruptolândia. Corruptolândia possuía dimensões continentais, muitas riquezas minerais, praias lindas e muito verde. Seu povo era muito bom e trabalhador, porem muito sofrido. Seus governantes em sua maioria eram corruptos, dai o nome Corruptolândia, que significa terra dos corruptos. E a tradição da corrupção vem de longa data, desde os seus primórdios, quando tomaram as terras dos índios que viviam lá. Aliás, lá, corrupção é definida como a habilidade da esperteza, do saber levar vantagem em tudo, da exploração sem dó nem piedade. Corrupção é algo natural, que acontece todos os dias e a todo o momento. Dizem até que está no DNA de seus habitantes. Lá o povo era eternamente dividido em dois grupos: corruptores e corruptados. Corruptores eram formados por um pequeno grupo de pessoas que detinha o controle de toda a sociedade corruptolandense . Aliados ao poder econômico e politico, faziam de tudo para manipular e explorar, tendo sempre um enorme livro de leis debaixo do braço. Corruptados eram formados por milhões de pessoas, que viviam sob o jugo dos corruptores. Para se perpetuarem nesta condição de dominadores, os corruptores contavam com o apoio de diversos grupos . Dentre muitos alguns se destacavam: Engravatados: geralmente formados por pessoas estudadas, cuidavam de criar as leis. Criavam leis e mais leis, às vezes conflituosas, justamente para dar margem de manobra e assim quando necessário, tinham recursos para interpretar de maneira diferente, sempre com o proposito de se safar de uma situação embaraçosa, situação que comprometesse o desempenho dos corruptores. Capas Pretas: Eram responsáveis por julgar o comportamento de todos. Havia uma hierarquia entre eles, eram intocáveis, tinham muitos privilégios e julgavam de acordo com interesses. Corria entre o povo o dito que esse grupo era cego, surdo e mudo. Geralmente mandavam encarcerar os pobres infratores corruptados. Dificilmente privavam de liberdade física alguém que fizesse parte dos corruptores. Viviam afirmando que tão somente cumpriam as leis criadas pelos engravatados; Religiosos ou iluminados: eram lideres religiosos que se aproveitavam da lei que regulamentava a liberdade religiosa. Exploravam os corruptados, prometendo bênçãos divinas a anseios materiais. Geralmente justificavam as misérias do povo pelo fato de pecarem, não contribuírem financeiramente ou não terem fé suficiente para mudar de vida. Muitos afirmavam que todos os corruptados deviam obediência irrestrita aos corruptores, pois eram instituídos de autoridade. Colocavam-se como mediadores entre o povo e Deus, manipulando e pensando pelo povo. Grupo dos Periquitos : Tinham a missão de manter a “ordem social “, prendendo, notificando, multando quando necessário. Geralmente eram chamados para defender os interesses dos corruptores. Às vezes se tornavam vitimas do sistema, sendo oprimidos também. Tinham baixos salários e não conseguiam sair daquela situação. Deviam manter a ordem pública. Grupo dos Midiáticos: Formados por profissionais da comunicação televisiva, jornalística e radiofônica. As empresas nas quais trabalhavam funcionavam através de concessões do governo ou seja obtinham licença de um bem que pertencia ao povo para explorarem suas atividades. A maioria atuava de maneira parcial, defendendo os interesses dos corruptores, manipulando, destruindo culturas locais e massificando o povo. Importavam programas de outros países, pois não tinham capacidade de criar, apenas repetiam e faziam o povo repetir também. Grupo dos Empresários: Estes se colocavam como a máquina propulsora da corrupção. Alimentavam todo o sistema, pagando propinas fabulosas aos corruptores para defenderem seus interesses. Criaram um circulo vicioso e assim se perpetuavam, deixando os pobres corruptados na mão, levando uma vida sofrida, pagando altos impostos e ganhando um miserável salário. Em Corruptolândia dificilmente um corruptor deixava de ser corrupto. Mas o inverso acontecia. Todo corruptado era um corruptor em potencial, bastava acionar o gatilho da oportunidade. É bom deixar claro também que muitos engravatados, capas pretas, iluminados, periquitos e outros, eram sinceros e honestos. Mas ficavam sufocados e nada podiam fazer, afinal, cem pardais no meio de mil andorinhas voando, andorinhas também são.

No país da corrupção a educação era desprezada. Professores ganhavam pouco, as escolas viviam caindo aos pedaços. Para os corruptores, quanto mais ignorante, melhor.

E assim já se passaram quinhentos anos.

Samuel araujo
Enviado por Samuel araujo em 28/08/2017
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