TRANSE!

Hoje, perambulando pela casa, sentei-me no lugar que batizei de “recanto da angústia”.

O Batizei dessa maneira em virtude de acontecimentos recentes.

Fica localizado entre os quartos, tendo, ao centro, o banheiro social.

Um lugar até agradável quando não se é exigente!

Me deixei ficar ali por algum tempo, não sei ao certo quanto.

Permaneci ali por um bom tempo, acredito.

Um par de horas ou mais?

Não sei, apenas me deixei ficar!

Enquanto estive lá nada me veio à cabeça, o que é demasiado raro para quem pensa em demasia.

Estava eu, ali, atônito, como que em transe, e confesso que senti certa leveza – para quem carrega fardos a leveza é sintoma de alívio.

E me deixei ficar por mais tempo. Tentei aproveitar a todo custo aquele sentimento de não sentir nada.

Inútil!

A leveza, depois de certo tempo esvaiu-se. Passou lentamente como o efeito de drogas aos torpes.

Assim como os torpes em abstinência a desejei quase como um louco a procura de sanidade.

Nesse caso, me parece, é a sanidade que nos enlouquece.

Repensando o ocorrido, me pergunto: todos têm o seu recanto da angústia?

É provável que não!

Depois de recobrar a consciência, voltar ao mundo, encarar a realidade, encontrei tudo do mesmo jeito. Estava tudo da mesma forma, tudo no seu lugar, tudo bagunçado.

Desejei voltar ao transe de instante atrás. Inutilmente.

É inútil tentar repetir uma cena que só se passa uma vez.

Hugo Carvalho
Enviado por Hugo Carvalho em 03/09/2017
Código do texto: T6103535
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