QUESTIONAMENTO DA FÉ

Que fique claro: a fé não se questiona, as fôrmas, sim. Estas palavras não têm qualquer intencionalidade de movimento ao proselitismo ou habilitação da descrença aos alheios. Quando Deus expulsou o homem do Éden este caiu em desgraça, pois se afastou da graça direta de estar sob as asas do amor do Criador, mesmo vagando pela Terra, longe do sagrado jardim, continuou o homem ante aos olhos do Pai. Não como Adão e Eva, mas igualmente vi-me longe do seio da igreja por discordar de ideologias impostas por homens de pensamentos duvidosos, devido a isso, ainda hoje questiono minha fé e seu cansaço rotineiro, quase desisti de acreditar em algo sagrado, inorganicamente além do humano, aceitar que apenas um ser sobrenatural maior possa me fornecer a Salvação mediante regramento e devoção. Condenei-me por não estar em similitude de pensamento, por questionar a normativa política e moral da religião que bebi ainda no berço e negar-me a barganhar o Paraíso. Cristo é o caminho e a conduta! Porém há, de fato, um único templo detentor deste caminho de incoesões e várias ramificações? Qual religião leva aos tijolinhos dourados dos portões da vida eterna? Qual o interesse da religião sobre o homem além da remissão? É mesmo tudo culpa da carne por ser fraca e falha? Livre-arbítrio não seria apenas mais um cavalo de Troia? Não existe uma distração saudável pelo trajeto, uma que não seja obra do diabo? A inflexibilidade dogmática não seria uma característica muito mais humana que divina? O mal não seria apenas uma força opositora, decompositora da vida em exercício, um moldador e parâmetro ideal do caráter humano para o que é bom? Não creio que a dor santifica, ou seja, meio para propósito. Aceito que excluídos são os maiores merecedores do Altíssimo. São muitos os questionamentos e quase exatas afirmações. Não sou cético, nem quero ser. Só desejo uma crença longe de charlatanismo e golpes contra a ingenuidade, um algo puro, real manifestação do divino através do humano, distante do culto de tolos. Cegueira absoluta não é fé, é doença. Não darei santidade a homens de barro e ouro, não enriquecerei seus tempos falhos. Minha alma não é moeda de uso para qualquer um, nem alegre atalho para metas alheias. O Céu é um investimento, no qual, posso trabalhar por conta própria e colher seus rendimentos. A comunhão exigida é um ato para ser cumprido muito além das paredes sólidas de uma abstrata comunidade religiosa. A ovelha perdida nem sempre precisa do direcionamento da vara do pastor para voltar a casa. Sei plenamente que não posso alcançar a Deus sozinho, por isso, para mim, há Cristo Jesus e seus gratuitos ensinamentos deixados, para outros, livres em direito, existe outro Salvador escolhido, não menos santo. Estou longe do seio de mastite de alguns templos, me chamam de pecador, abominável ciente, mas esta é outra forma de ridicularizar, menosprezar aquilo que não se pode combater. Ninguém abaixo do firmamento é capaz de dar salvação ou condenação a outro homem, este é o papel supremo do Senhor.