VIVEMOS APERTADOS

Eu era criança e ao mesmo tempo pequeno.

Ao passar dos anos fui crescendo.

Crescendo pros lados e pra cima.

Foi crescendo a mente, a consciência, a inteligência.

Foi crescendo o meu jeito de ser e de amar.

Foi crescendo a minha capacidade de diferenciar o certo do errado.

Foi crescendo a percepção de que somos todos humanos e sendo da mesma espécie, somo semelhantes. O que muda é apenas a cor dos olhos, da pele, dos cabelos, estatura, jeito de falar, gosto pelas coisas, mas na realidade são apenas detalhes. Na essência somos todos iguais. Oxalá todos pensasse assim.

Agora sou gente grande.

Na língua mais aperfeiçoada, sou maduro e esclarecido.

Tive a oportunidade de viver no mundo bem grandão e agora viver numa pequena aldeia.

Quando era menino, vizinhos eram apenas os moradores perto de casa.

Hoje sou vizinho de japoneses que vivem no Japão, russos que vivem na Rússia, americanos que vivem nos Estados Unidos, andinos que vivem nos Andes, Africanos que estão naquele lindo e maravilhoso continente. Enfim, o mundo virou mesmo uma aldeia. Basta um clique num botão e o mundo começa conhecer-me.

Parece que até o futuro deixou de ser infinito.

O presente não existe, e o passado está mais próximo do que antes.

Vivemos apertados!

Apertados de dinheiro, apertados de emprego, apertados de saúde, apertados de educação, apertados de segurança, apertados de fé, apertados de esperança, apertados ética, apertados de justiça...

Vivemos apertados!

Mal nos mexemos e já esbarramos em pessoas que vivem na Europa, nos EUA, na Rússia, na Ásia ou na África. Mas não conhecemos o cheiro do vizinho que mora no apartamento em frente do nosso.

De tão apertados, não percebemos que está do nosso lado.

Será que essa janelinha que carregamos nas palmas de nossas mãos faz parte dessa mudança?

Vivemos apertados!

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 12/09/2017
Código do texto: T6112131
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