EM SINAL DE MISÉRIA

Nada do que eu falo é necessário, atribuir algum valor é me dar uma importância que não tenho. Quem sou eu na fila do pão? Na terra da poesia? Como intricado formador de opinião?

A resposta é: ninguém. Uma vez que, abuso por diversão do verbo vazio, das palavras sem sentido escondidas debaixo da unha, do oco do coração ao avesso. Se um ou dois se acham no meu discurso, são sei se rio ou padeço, já que a identificação com o criador é punição, parte da penitência de dividir o mesmo céu ou inferno. Quebro o mosaico de qualidades e vaidades que meus dedos são, para ser abstrato, e assim, desprender-me do ouro e da verdade, pois vejo nestes, atribuições subjetivas, cativas daquilo que eu creio em conjunto a adequação as regras dos alheios de mesmo grupo ou opostos. Somente diluído fujo, transgrido na minha letra tortuosa e feia, reflexo dos tantos flagelos estendidos em varal na alma feito vergonhosas meias velhas. Aqui qualquer valor semântico é migalha, centavo barato, todo elogio é esmola, e como bom mendicante, aceito em sinal de miséria só para me contradizer e não me abster totalmente do humano.