Reflexões de um dia qualquer de um mundo tão desigual

Hoje era pra ser mais um dia comum. No entanto, quando a gente resolve ver com outros olhos tudo fica tão incomum. Me levantei cedo, só o frio da Cidade Branca me fazia companhia. Procurei o agasalho que esquecera na casa de um amigo qualquer. Então visto qualquer agasalho que estava a disposição. No dia anterior havia dado uma noite de folga à mim mesmo, sai, comi com os amigos, bebi um pouco e recitei, coisa que sempre me deixa feliz, voltei pra casa, havia esquecido de dar os últimos retoques em minha dissertação. Levantei e terminei o trabalho, envie à minha orientadora, comi um pouco e fui a universidade. Como inúmeras outras vezes não havia dinheiro pra a passagem. Resolvi ir novamente a pé, só que desta vez por um caminho diferente. Por um caminho diferente vi coisas diferentes, vi crianças sem expectativa de vida, vi jovens usando craque, vi a miséria nua e crua. Mas também vi o luxo, os prédios gigantes, as casas luxuosas. No mesmo caminho vi gente passando frio e pets com roupinhas de lã quentinhas feitas sob medida. Vi crianças sem ter o que comer e uma distinta senhora abrindo uma garrafa de água mineral para seu gracioso dog. Me senti mal, por ter reclamado de ter que ir caminhando por 4,5km até o politécnico e ver aquelas pessoas passando fome e frio percebi meu privilégio. Mas me sentir muito puto pelas pessoas que gastando rios de dinheiro com coisas tão fúteis. Parecia que eu estava dentro de uma música que ouvia em minha infância "Mundo tão desigual. Tudo é tão desigual. De um lado esse Carnaval. De outro a fome total." E hoje percebi que viver na ignorância é tão mais fácil, passar e apenas ver crianças correndo e não observar o que elas estão vivendo ou a cor que elas tem, pois até na "Cidade Branca" a miséria tem cor. E agora me pego tecendo estas poucas linhas e tendo ainda mais convicção de como ainda preciso lutar contra esse mundo tão desigual.