CALÇADA NÃO É LUGAR DE LIXO

Domingo passado participei de um culto onde o sermão do pastor foi num texto muito conhecido, em Lucas 8.25-26, a parábola do bom samaritano. Veio-me a memória uma experiência que tivemos há alguns meses.

Vinhamos, (eu e minha filha), por uma avenida, no bairro onde moramos, quando observamos uma cena comum nas grandes cidades, alguém tirando coisas do lixo para vender, ou mesmo aproveitar para comer.

Ver alguém tirar alimentos do lixo para comer é deprimente.

Nosso carro parou a alguns metros do semáforo que havia fechado, quando percebemos ao lado direito um senhor idoso que revolvia um amontoado de material descartado, e na sequência havia cortado a perna em alguma coisa daquele lixo. Parecia que o ferimento era grande porque sangrava. Vimos sua expressão de dor, e de não saber o que fazer, tentando estancar o sangue.

Minha filha, que é bióloga, num impulso disse: "mãe vamos parar e socorre-lo". Então, eu perguntei onde iriamos levá-lo, mas atendi seu pedido, e encostei o carro, ela desceu verificou a extensão do ferimento, decidiu coloca-lo no nosso carro e levá-lo a uma farmácia mais próxima.

Na farmácia ela acomodou-o num banco, enquanto ia comprar material para higienizar o local e fazer um curativo. A expressão das pessoas dentro da farmácia foi de espanto ao saber que não havíamos causado nenhum mal, mas apenas prestando socorro.

Minha filha ajoelhou-se ao seu lado, limpou o local, colocou um antisséptico, cobriu com gaze e esparadrapo. Entregou-lhe os medicamentos, e orientou-o a procurar um posto de saúde para tomar antitetânica, e fazer um curativo mais apropriado.

Demo-lhes algum dinheiro, orientamos que voltasse para casa, procurasse um posto com urgência, e o deixamos próximo de onde havia deixado sua bicicleta.

Nossos sentimentos naquele instante foi de compaixão, de emoção, pois vimos aquele senhor idoso, e imaginamos se fosse alguém nosso. E, lembrei que alguém havia socorrido meu pai doente, deixando em casa.

Não pudemos leva-lo em casa, pois ele morava longe e tínhamos um compromisso naquele momento.

Não digo que fomos boas samaritanas, mas agimos de um dever moral Cristãs, e seres humanos que podem passar por situações difíceis e como seria bom que alguém nos ajudasse. Não há recompensa e nem estrelismo.

A partir daquela data aprendi uma lição muito importante; precisamos aprender a acondicionar nosso lixo, principalmente, quando há objetos cortantes, ou que podem machucar, desde o zelador, o funcionário da limpeza urbana aos catadores de lixo.

A prefeitura esta correta em multar os indivíduos que jogam lixo nos canais, córregos, rios, ruas e calçadas. Contudo, somos um povo mal-educado e irresponsáveis.

Poderia continuar a descrever procedimentos que nada tem de civilizados, mas a própria sociedade também coopera para que não haja um comportamento padronizado que viabilize uma sociedade justa.

Deveríamos ter locais adequados para o descarte de materiais, mas isto é raro. E, enquanto isto, cenas como a que presenciamos, continuarão a acontecer. A máxima, " povo desenvolvido é povo limpo" continua atual.

O que podemos fazer, além de socorrer alguém ferido pelo nosso descaso?