Isso É PAI????

Não sou de assistir televisão.

Além de achar que é uma desagregadora das nossas famílias, acho uma completa perda de tempo ficar horas na frente de uma tela olhando, olhando, olhando e bebendo o licor que querem que você beba.

Melhor sair por aí, olhando a paisagem, tirando fotografias, lendo um bom livro, escrevendo poesias, lendo os poetas...

Bom, mas enfim, lá de vez em quando, calço as chinelas e também vou na frente da televisão ver o que acontece.

E sempre me arrependo.

Tempos atrás, depois de quase 10 dias sem nada ver, decidi assistir o jornal local.

E fiquei estarrecida.

As imagens mostravam um homem, de mais ou menos 35 anos, preso e dentre as grades, tranquilamente falando à repórter – e tinha a impressão de ver um meio sorriso em seus lábios, mas acho que já vi demais -:

- Ela entrou no meu quarto, achou umas revistas de mulheres e homens, todos pelados, fazendo sexo e queria que eu fizesse com ela o que eles estavam fazendo. Ela que quis isso, ela me provocou, ficou me provocando, provocando, eu estava bêbado, perdi a cabeça e eu estuprei – ele disse estrupei -. Eu fiz a vontade dela.

Um calor subiu em minhas faces.

Era a revolta crescendo dentro de mim.

Fiquei mais horrorizada ainda quando a repórter mostrou a imagem "dELA".

Mesmo com a imagem distorcida o rosto de um anjo quase parou meu coração.

Uma linda menininha, uns tristes olhos azuis e pasmem, apenas seis aninhos de idade.

Choque. Dor. Lágrimas.

Miserável! Desgraçado!

Como um homem podia fazer isso com uma criança?

Mas eu ainda não tinha visto tudo.

O horror, o nojo, a raiva, a dor suprema, veio à seguir...

A menininha era a própria filha do verme que a estuprou.

Fiquei chocada! Sem fala. Inerte, olhando a TV.

Seria esse monstro um pai?

Era um pai verme ou um verme que nunca teve um pai?

Que espécie de pai ele era?

Não conseguia acreditar.

Não conseguia digerir o que estava vendo e ouvindo.

E a menininha seguiu contando a história para a repórter:

- Eu estava brincando com meu irmão aqui em casa e ele me chamou para ir lá na casa dele.

(Os pais da menina eram separados. Ela morava com a mãe, seu atual marido e um irmão, numa casa do outro lado da rua).

- Então eu atravessei a rua e fui lá. Ele disse que era para ir lá atrás no galpão. Então eu cheguei perto e ele me pegou pelo braço e me levou lá para cima (no sótão do galpão eu entendi) e me mostrou umas revistas de mulher pelada...

Neste momento a menina, emocionada, parou de falar...

E eu quase parei de respirar.

As lágrimas desciam de meus olhos aos borbotões.

Como ele pôde fazer isso?

E dizer que ela, uma menina de seis anos o ficou provocando e queria isso?

E ele, porque estava embriagado, perdeu a cabeça e fez?

Como ele pôde ter a ousadia de falar isso com a maior calma do mundo, os braços escorados nas grades e uma cara deslavada, como se ele fosse a vítima?

Nem cara de arrependido, consternado, ele tinha.

E fico me perguntando:

- E mesmo que fosse verdade que uma criança de seis anos de idade encontra nas coisas do pai um tipo de literatura assim e peça ao pai para fazerem com ela igual, qual deveria ser a atitude de um PAI????????

Não consigo entender, não consigo entender, como um homem ainda é capaz de se chamar pai depois de cometer uma atrocidade dessas contra a própria filha.

A mãe e o atual marido contaram à repórter que haviam saído para fazer compras e que deixaram as crianças em casa.

Quando voltaram não perceberam nada de anormal, mas à noite, enquanto estavam todos juntos, um comentário do filho mais velho chamou a atenção deles.

Perguntado, o irmão acabou contando o ocorrido durante o dia. Que o pai tinha chamado a filha e a arrastado lá para o galpão.

Questionaram a menina e ela acabou contando...

Desliguei a televisão.

Não podia mais ver aquilo.

A cara deslavada daquele homem me perseguiu durante muitos dias.

Senti tanta raiva, tanto ódio...

Eu sei, violência só gera violência, mas eu senti vontade de com minhas próprias unhas marcar a cara dele, de tal maneira que nunca mais saíssem as marcas. Que cada vez que ele olhasse seu rosto ele pudesse ver a marca da vergonha, da não aceitação, da raiva, da indignação, do horror por sua atitude deplorável.

Senti vontade de sim, marcar a cara dele, assim como ele marcou de dor o corpo e a vida de sua filha prá sempre.

O rostinho do pequeno anjinho perturbou meu sono durante muitas noites.

Fiquei me perguntando sobre que tipo de homem era capaz de uma barbaridade dessas.

E fiquei pensando nas nossas crianças, nas nossas famílias.

Como estamos cuidando de nossas famílias?

O que estamos fazendo com os nossos filhos?

Que tipo de literatura estamos lendo e dando, ou deixando em lugares onde possam pegar, para nossos filhos lerem? Revistas de homens e mulheres peladas? De pessoas fazendo sexo?

Que tipo de sites acessamos na internet? Sites pornográficos, de sexo, pedofilia?

E os filmes? Que filmes alugamos para olhar?

Com que imagens enchemos nossas mentes no dia-a-dia, em nome da arte, da beleza, das maravilhas da criação de Deus?

Eu não sei nem o que falar.

Levei dias para digerir essa história e ela ainda está engasgada em mim.

Eu não sei o que fazer, mas eu sei, algo precisa mudar.

Alguma coisa precisa ser feita para mudar o caminho que hoje está sendo desenhado para nossas crianças.

E acho que cada um de nós devia refletir mais sobre tudo isso.

Cada um de nós devia pensar mais sobre o que fazemos e o que ensinamos às nossas crianças.

Estamos ensinando uma vida de valores?

Estamos educando nossos filhos para o bem? Para a convivência harmônica com seus semelhantes?

Cada um de nós devia refletir sobre a vida, a nossa vida e a vida que desejamos para nossas crianças.

Pense nisso.

Você também faz parte e é responsável por este mundo.

Não deixe de refletir sobre tua vida e de tua família.

Agora é a hora!

Não deixe para amanhã.

Pode ser tarde demais!

Maria
Enviado por Maria em 17/08/2007
Reeditado em 17/08/2007
Código do texto: T611722