BÁRBAROS ONISCIENTES

Depois dos monotemáticos aqueles que mais me entediam são os bárbaros oniscientes, protetores de todos os saberes e aflições da humanidade, são estes, deuses terrenos feitos de dura carne sem flexibilidade, livres de qualquer erro, pois sua palavra criacionista e absoluta independe de outros fatos e circunstâncias naturais, e para todos seus discursos poderosos devem bastar. É ofensa gravíssima não crer-lhes: blasfêmia. Cansam-me estes senhores que se veem em alto pedestal sem notarem a base trincada, quase sempre mantedores da moral, avessos a qualquer opinião que não seja a sua própria dogmática, de padrões estreitos, de espelhadas reflexões rasas de si e condutas duvidosas. São falsos guias, feitos de luz artificial que se apagará diante de verdadeira escuridão. Para estas divindades autoconsagradas o desvio pertence ao alheio tão somente, uma vez que, nada nem ninguém pode ou deve macular seu caminho de santidade incontestável. Todavia, em ferida essência, na maior parte dos casos, o altar destes santos de barro falho é oco, e toda a normatização imposta e metas definidas para o outro são objetivos que estes oniscientes definitivamente não conseguem atingir.