CARTAS DA VIDA

Cartas da Vida

Por Gildha Salgueiro

Em 25/09/2017

Nós nascemos para cumprir uma missão nesse mundo, disso eu tenho certeza, o que, aliás, eu tenho poucas na vida. Qual é a missão de cada um? Por quê? Quem as define? Certamente eu não sei. Existem inúmeras teorias, mas eu não arrisco nenhum palpite, pois acredito que tentar responder a tais indagações é uma atitude improfícua, é estéril, vazia na sua essência, portanto, perda de tempo de vida. Contento-me em saber que vida e morte é mistério. O que nos compete é vivê-las cada uma a seu tempo. Não se deve viver pensando na morte com fixação mórbida. Ter consciência da finitude da vida nesse plano físico é interessante, nos torna menos soberbos, mais humildes de coração.

É certo também que a analogia mais pertinente à vida é a de que se trata de um jogo, o que nos torna jogadores natos. Não é uma questão de escolha, mas sim uma condição da vida e quem não “joga” é fatalmente “jogado” nos reveses da vida. O que suscita uma nova indagação: se a vida é um jogo, este é um jogo de cartas marcadas? E mais uma vez sou obrigado a responder que eu não sei. Em algumas situações tudo nos leva a crer que sim, parecem ter sido milimetricamente planejado, se encaixam perfeitamente. Em outras que não, parecem ser obras do acaso, ficando por conta da sorte, boa ou má, a depender do ocorrido.

Talvez o problema da má sorte no jogo da vida esteja ancorado na pouca ou nenhuma falta de habilidade dos seus jogadores em saber fazer as escolhas pelas cartas certas, pois ao nascermos recebemos as primeiras cartas da vida. É o início do jogo, mas na medida em que vamos vivendo temos que “comprar” mais cartas se o objetivo é continuar no jogo e pagamos com as consequências dos nossos atos ao escolhermos entre uma carta e outra.

No jogo da vida há jogadores sagazes, perspicazes, astutos por natureza e, como aves de rapina estão sempre atentos, a espreita, aguardando a melhor hora para lançar “aquela carta”. Outros, um pouco menos afortunados, levam desforra em algumas partidas como no jogo do amor, abando-lhes a “sorte”. Há ainda outro tipo de jogador que cedo ou tarde se revela entre seus pares, um ser pérfido, vil... Que na melhor ilustração possível é “uma alma sebosa”, Alguém que rouba, trapaceia, manipula, esconde sempre uma “carta” na manga. Há ainda aqueles jogadores que aprendem desde cedo as regras do jogo da vida e os que teimam em quebrá-las. As consequências disso? Estão aí por todo lado basta analisá-las e interpretá-las e decidir se vamos aprender algo com elas ou não, pois até para isso nos foi dado um tesouro – a liberdade, a qual se denomina livre arbítrio.

Destarte, se a certeza precípua é a de que a vida é um jogo e que ao nascer recebermos ou comprarmos as cartas da vida, precisamos estar atentos às interrupções bruscas que fatalmente podem ocorrer e o jogo-vida ser interrompido abruptamente, mesmo que seja algo que se tem por certo, mas que não se espera para nós ou para os nossos amados. Assim, a posição que cada um irá ocupar no lúdico do viver será fruto de uma escolha e, se seremos autores das predileções da nossa vida ou não também é uma escolha nossa, pois certamente quando não tomamos as rédeas da nossa própria vida alguém as toma por nós.

Maria Gildha da Silva
Enviado por Maria Gildha da Silva em 29/09/2017
Reeditado em 29/09/2017
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