A ARTE DO CARA PELADO

Fico imaginando como foi a conversa entre o artista Wagner Schwartz, que achou por bem demonstrar seus dotes artísticos ficando estendido “em pêlo” no chão de uma das salas do MAM em São Paulo e os diretores do museu.

O que ele queria mostrar além do que mostrou?

Segundo o próprio, ele queria se colocar vulnerável e entregue a performance artística.

Vulnerável ele ficou, agora performance? Extremo mau gosto, isto sim, e nenhum valor artístico. Convenhamos.

Mas eu sei o que ele queria, ele queria o mesmo que todos os “artistas” sem talento querem: Chocar.

Já que sua arte não chama a atenção pelos aspectos que a arte deveria chamar, pela feição, digamos, artística da coisa. Ele opta pelo caminho que fere , que agride e de forma negativa chama a atenção para si mesmo, não pelo encanto ou pelo inusitado, mas pelo desconforto que provoca.

Os adolescentes costumam se utilizar da mesma artimanha, já fui adolescente, eu sei. Quando pintam os cabelos de pink, ou azul, não o fazem por achar bonito, fazem para quebrar regras, como se gritassem em silêncio: Olhem para mim!

O artista medíocre tem a mesma percepção. Não pertence mais ao grupo dos comuns, pois agora se sente artista, mas como não alcança o sucesso, utiliza-se de algo a atrair para si os holofotes. Quinze minutos de fama não lhe bastam.

No final das contas pensa: Falem mal de mim, mas falem de mim. Isso basta. Estou quebrando as regras. Vejam , estão olhando pra mim!

O pelado do museu é ainda um adolescente que quer ser visto.

Imagino uma hipotética conversa de sua mãe com uma amiga:

- Como está aquele seu filho, meio maluco, acho que era Wagner o nome dele?

- Ah! Ele agora é um grande artista, faz um sucesso medonho. Inclusive está se apresentando num museu famoso por aí. Não sei bem o que ele está mostrando, mas está dando o que falar – responde a mãe orgulhosa do filho, como são todas as mães.

Agora , convenhamos amigos. Temos que tirar o chapéu para ele. Afinal de contas, ter convencido a direção do museu a lhe ceder uma sala, contando a lorota de que o que ele ia fazer lá era arte e ainda ter reunido um monte de babacas para assisti-lo? Não é para qualquer um.

O cara é um artista.

PS: Por favor, não me critiquem. Este texto também é arte.