Inicio a prática, procuro uma posição menos dolorosa, inspiro e expiro profundamente. Começo pelo Body Scan que nada mais é que uma varredura pelo corpo: meus pés doem bastante, o tornozelo esquerdo um pouco menos, o joelho está bem dolorido. 
Expiro, passo pela perna e paro no quadril, a dor muito leve quase me faz suspirar aliviada. Ouço os sons da sala, alguém respira fundo e minhas costelas doem, uma dor intensa, desagradável, irritante. Respiro, respiro de novo e mais uma vez. A raiva se foi. A dor permaneceu. 

Sinto as costelas, elas queimam e essa é a pior parte. Respiro fundo, uma, duas e três vezes. Foco na respiração, o ar frio me agrada. É muito leve.
Ouço o barulho do ar condicionado, a buzina de algum carro na rua, as costelas incomodam; me perco pensando que preciso marcar uma consulta com o dentista, percebo que estou divagando e retorno à prática.

Respiro, as costelas doem, respiro outra vez, um som me chama a atenção. Vou distinguindo cada ruído. Identifico. Percebo as diferenças. 
Uma pessoa está bocejando ao lado. 
Respiro algumas vezes, os ponteiros do relógio marcam os minutos, alguém tosse, o ar condicionado faz um rangido abafado, permaneço naquele som até que a voz do instrutor encerra a prática. 

Permaneci 40 minutos sentada em uma cadeira comum, sem necessidade de fazer pausas e me sinto vitoriosa. Não penso na dor, por alguns instantes ela ficou pra trás e eu segui em frente, isto no momento me basta.
Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 05/10/2017
Reeditado em 27/05/2018
Código do texto: T6133987
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