Passeios na Estacão

Paseio na Estação

Gostávamos de passear na estação no momento em que o trem de ferro chegava. Não só nós, crianças ávidas de novidades, mas também os adultos . A cidade era pequena e de poucas distrações, mas que à noite nos propiciava aquele divertimento – ver o expresso passar. As ruas ficavam movimentadas com o passeio noturno de praxe e ir até à estação era uma novidade a mais. Ele chegava apitando e vencendo a curva de chegada,. Resfolegava soltando fumaça, chiando nos trilhos, freando aos poucos na redução de sua velocidade. Breve tempo pude apreciar nosso velho e desgastado meio de locomoção ferroviário que logo foi arrancado e extinto. Não foi preservado, valorizado ou modernizado. Hoje nos faz enorme falta para o transporte humano e carregamento de cargas. Apesar de bastante ultrapassado, falta-nos falta hoje a ajuda do transporte ferroviário. Pelo menos serviria para a enorme quantidade de cargas que atravancam nossas estradas , entulhadas de enormes carretas, muitas vezes, despreparadas para esse fim. Progresso que invejamos em outros países.

Era divertido, lembro-me bem, observarmos aquele comboio quente, soltando fumaça e vapor, bufando ao frear com grandes rangidos. Seu cheiro característico guardo na memória. Andávamos pela estação bisbilhotando o que se passava nas classes e nos vagões. Havia pessoas que chegavam, outras que apressadamente partiam. Visualizávamos aquelas criaturas que nunca mais, talvez, voltássemos a encontrar. Passageiros mais curiosos se debruçavam nas janelas para também observar-nos, apreciando o movimento na plataforma.

E os vagões de cargas? Rapidamente abertos mostravam a diversidade de coisas que transportavam. Tudo o que competia descer ali, era puxado com treino e esperteza, e levado para o depósito próximo. Ali, naqueles vagões malcheirosos, parece que tudo era permitido carregar. Não raro víamos engradados com galinhas cacarejando assustadas com o balanço do desembarque. Vencido o tempo, um sinal sempre igual, Dem!... avisava a saída. Com um movimento lento e barulhento, crescendo em velocidade, a locomotiva bufando fumaceira e poeira de carvão, ia deslizando, deslizando rente à plataforma ... Dém!... Dém!... Dém!... e o velho monstro de ferro escorregava nos trilhos se afastando. Em meio a estridentes apitos, ia o comboio que, aos poucos, desapareceria na outra curva mais adiante.

Evane
Enviado por Evane em 06/10/2017
Reeditado em 06/10/2017
Código do texto: T6134803
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