INFÂNCIA BOMBARDEADA

Há um tempo, assistindo aos noticiários na televisão, deparei-me com uma cena, para mim, indescritível. Tratava-se de uma imagem de um menino sírio que sofreu graves ferimentos, em virtude de bombardeios de aviões na região onde morava. No hospital de refugiados, ele foi atendido e apresentava cortes, em sua cabeça. O sangue escorria em seu rosto pequenino. Contudo, o que mais me chamou a atenção foi notar que essa criança não chorava, ainda mais aparentar ter uns 4 aninhos de idade. Com as mãozinhas, ele tentava tirar o sangue que tapava um de seus olhos, sem lágrimas. Vendo tudo aquilo, por poucos minutos na TV, fiz uma análise introspectiva, sabendo que tal abuso, entre seres humanos adultos, impera por milênios.

A maioria das guerras, na humanidade, diz respeito à intolerância, seja religiosa, seja cultural ou mesmo política e quem paga o pato são as inocentes crianças.

Elas ficam no fogo cruzado por causa da imbecilidade irracional dos adultos. O que me deixou atônito, neste caso, em específico, é a perda forçada da sensibilidade imposta por regras que tal criança foi obrigada a absorver, em sua mente infantil. Por isso, a ausência de lágrimas em seus olhos naquela imagem.

Hoje, talvez por falta de amor, assistimos aos absurdos na mídia quase com desdém; achamos essas notícias bestiais como corriqueiras, sem importância e, absolutamente, naturais.

Realmente, a vida, por si só, já pede socorro. O mundo é um lugar muito perigoso para se viver. É uma pena não termos um outro local para mudar de vida. Quem sabe, um outro planeta em que os homens de bem começassem tudo do zero? Pois é!... quem sabe?

Por fim, da frase impactante de Raul Seixas, eu concordo com meus pensamentos cotidianos:

“Eu prefiro ser louco, em um mundo onde os normais constroem bombas.” ... e bombas que não são de chocolate para as crianças!

(Roberval Nunes Jorge)