NA PORTA DA QUITANDA

Depois de deixar minha filha na rodoviária, voltei com o carro dela, mas antes de chegar em casa parei na quitanda da praça Sta. Terezinha. Por sorte, encontrei uma vaga bem em frente. Ali escolhi algumas frutas e pãezinhos para o lanche, paguei e saí. Ao acionar o controle para destravar as portas do carro, não percebi nenhum barulhinho. Cheguei mais perto e repeti o movimento. Nada, tudo bem travado como dantes. Ai meu Deus, pane elétrica! E agora? Só me faltava essa! Ainda mais com carro que não é meu! Comecei a ficar aflita, as sacolas de compra pesando de um lado, a alça da bolsa escorregando do ombro e eu tentando equilibrar tudo sem conseguir o intento. Melhor voltar, encostar as coisas na quitanda e ficar livre para descobrir um jeito de resolver o caso. Entrei e avisei um senhor uniformizado, talvez gerente do lugar, que aquela compra já estava paga, mas eu tinha que resolver um probleminha. Sensibilizado, ele se prontificou a me ajudar. Pegou a chave, fez o mesmo que eu havia feito e como nada aconteceu, perguntou se eu tinha certeza de que era mesmo aquele carro. Eu sabia que era, só se alguém o houvesse furtado e outro exatamente igual estivesse estacionado ali. Claro que não! Por via das dúvidas até olhei a placa. Depois de dar três voltas em torno do automóvel, tentando destravá-lo, o homem declarou: a chave não é deste carro! Como não? eu disse e nem sei por que, talvez por nervosismo, enfiei a mão no bolso do casaco. Mon Dieu! Que surpresa! Lá estava uma chave igualzinha à outra, com chaveiro diferente! Ao tocá-la, como num passe de mágica, logo ouvimos um sonoro troc-troc e todas as portas se abriram. Aquela que não funcionou antes era a chave do “meu” carro, que se encontrava longe dali, bem guardado na garagem lá de casa! Já pensou se eu tivesse chamado o seguro?