AINDA FIRENZE – IMPERDÍVEL!

Aqui estou de volta, para contar e expor novos detalhes da milenar Florença, ainda tão bela aos nossos olhos quanto o fora em passado longínquo. A visita à Galeria da Academia é imperdível, mesmo sendo descrita por este modesto escriba.

Enfrentamos enorme fila em nossa tentativa para visitar a Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, também conhecida por Galeria da Academia. Eram duas filas: uma para comprar os ingressos e outra para acessar o interior do edifício. Iríamos nos demorar bastante, sob sol forte, não fosse a disposição da Márcia de adquirir as entradas através de cambistas, embora a preços salgados.

Antes de descrever o que vimos na bem organizada galeria, cumpre-me instruir o leitor quanto à história desse templo das artes. Vejamos, pois: A Galeria é um importante museu dedicado à preservação do riquíssimo acervo de obras de arte do fim da Idade Média ao século XIX.

A Galeria da Academia foi fundada em 1784, pelo Grão-duque da Toscana, Pedro Leopoldo. No início de sua instituição, a Galeria contava com um modelo em gesso da escultura de Giambologna, O Rapto das Sabinas, e pinturas transferidas de igrejas e conventos extintos por Pedro Leopoldo.

Em 1873, a magistral escultura de Michelangelo, Davi, foi transportada da Praça da Signoria para a Galeria, onde se encontra, hoje, soberbamente exposta na Tribuna, local excepcionalmente reformado para abrigar a obra que, entre outras, consagrou o artista florentino.

Vimos, então, que a escultura David, exposta no pátio da Praça da Senhoria, não é a obra original do mestre florentino, e sim, uma cópia. A original, como disse em parágrafo precedente, foi transferida para a Galeria da Academia, em 1873. Justifica-se o traslado, oneroso e ariscado, para evitar os efeitos da poluição urbana dos tempos modernos.

Visitamos toda a Galeria. Não nos cansamos de fotografar tudo o que vimos, maravilhados com tanta beleza artística. Um número impressionante de obras, de vários gêneros, de diversos autores. A escultura de Davi foi a que mais nos empolgou. A nós e às centenas de turistas que lotavam os salões da instituição.

Em 1501, a obra foi encomendada pela República florentina. Na época, Michelangelo tinha 26 anos de idade, um garoto mais que esperto. Um gênio. Disposto a executar a encomenda, o detalhista e primoroso artista estudou detalhes da anatomia humana, dissecando cadáveres a fim de obter o conhecimento necessário a levá-lo à perfeição que, por fim, alcançou.

Três anos depois de iniciada, a obra ficou pronta. A estátua esculpida em mármore, medindo 5,17 metros de altura, representa o homem que foi rei de Israel, venceu um gigante em luta corporal, lutou com inimigos visíveis e invisíveis e honrou o seu Deus. Michelangelo tornou sua obra, aos olhos da humanidade, perfeita, esbelta, capaz de revelar a anatomia masculina em seus mínimos detalhes, com forma definida, membros, músculos, veias, cabelos, unhas, e, sobretudo, graça. O que dizer mais?

A Galeria está repleta de pinturas, esculturas e de muita história. Seus diversos ambientes, tais como a Tribuna de Davi, as Salas do Colosso, da Galeria dos Cativos, do Gótico Internacional, de Lorenzo Monaco... – Af! Cansei de citá-las. Exibem o tudo e o mais. Exagero? Nem tanto!

Embora já a conhecêssemos de outras oportunidades, realizamos nova visita à Ponte Vecchio ou Ponte Velha, a mais antiga de Florença. Datada da Era Medieval, foi destruída algumas vezes por enchentes do rio Arno, ao longo dos anos. Em 1345, foi reconstruída pelos Medici. A história de sua longa sobrevivência dá conta de que fora poupada das ações beligerantes dos Nazistas, em 1944, por ordem de Hitler.

Na época da dinastia Medici foram construídas sobre a estrutura da ponte, composta de três arcos, diversas lojas que passaram a ser ocupadas por ourives, que ali ainda permanecem no exercício de sua atividade, resistindo ao tempo. E, também, favorecidos pelo turismo.

Nas imediações da Ponte Velha, enquanto a chuva torrencial não nos pegou de surpresa, fotografamos à larga.

Em certa ocasião, fomos conhecer o Mercato Centrale ou Mercado Central, com mais de 140 anos de idade. Trata-se de gigantesca estrutura de dois pavimentos, o primeiro recentemente reformado em seu aspecto físico e funcional. Esse estabelecimento, bem conservado, oferece ao usuário um ambiente limpo e amplo.

Com 3.000 metros quadrados de área, o mercado oferece ao usuário doze lojas especializadas na gastronomia toscana, a ser desfrutada em quaisquer dos 500 lugares disponíveis. O visitante poderá escolher o ambiente que lhe convier e sentar-se onde bem desejar.

Ali, podem ser degustados queijos, presuntos, vinhos, pizzas, e tudo o mais que a gastronomia ofereça nos restaurantes à la carte. Sentados à mesa vizinha a outra superlotada de turistas brasileiros, fomos servimos de saborosa costela bovina, regada a um bom vinho rosso.

Ao final da refeição, saímos em visita às lojas de comidas e de produtos alimentícios, a fim de nos inteirar do que ofereciam. Constatamos uma miríade de gêneros, tais como frutas, verduras, carnes, peixes, flores e uma gama de outros produtos vendidos no primeiro andar do edifício.

No restante da tarde daquele dia, passeamos pelo centro da cidade, em visita a obras e monumentos da arquitetura e das artes florentinas. Na ocasião, estivemos na praça onde se exibe faceira a escultura de um javali, esculpido em bronze, por Pietro Tacca. A estátua tem o focinho dourado e brilhante de tanto os turistas passarem as mãos para pedir-lhe sorte no jogo e no amor. Nós o fizemos acompanhando os gestos pueris daquelas pessoas. Mas, confesso, por mero divertimento.

Aproveitamos nossa passagem por Florença e fomos conhecer Siena. Viajamos de ônibus. No próximo capítulo contarei o que vimos. Não percam!