As ruas nuas e cruas!

Perdoem-me os governantes, mas, se está havendo um esforço nacional para se retornar à normalidade da vida cidadã, principalmente nas grandes cidades, eis que ele é deveras miúdo e não devemos nos contentar com tão pouco, diante da estratosférica falta de segurança pública. É politicamente incorreto aceitar-se tanto o molde como se está fazendo quanto sua monta!

As sementes de derrota dos governos germinam violência, desemprego, doença e falta de pão. É uma afirmação nacional! O povo vê e lamenta, até porque seus desejos sucumbem, mas não pode morrer de tudo, jamais.

Há grandes desafios de inserção social. Falta a força de liberdade espartana em nossos governantes maiores para alçarem vôos mais proveitosos. Guardam no sepulcro dos seus esquecimentos o que muitas vezes suas coragens pífias lhes permitem fazê-lo.

Dos rios do Amazonas às zonas do Rio, há uma vasta área onde a ausência de um Estado firme é notada. Ouve-se o clamor social – quase desespero –, como se seu eco se despedaçasse e às mãos dos cidadãos nada lhes pudesse chegar. Misturam-se covardia e medo, responsabilizam-se esse ou aquele e o país vai parando com seus engenhos viciadamente enferrujados, esperando ordens concretas, pulso forte, poder de decisão, coisas que não se sabe de onde vir.

O estudante Cho Soung-Hei, em um surto de erupção depressiva, compra e saca uma arma, mata 32 inocentes e deixa uma carta para uma grande rede de televisão americana, explicando seus motivos para a barbárie cometida. Onde chegamos! Graças a Deus, por aqui não há muitos Cho Seung-Hui, o que não quer dizer que os nossos outros não matem dez vezes mais por dia – e a sociedade sabe muito bem de quem falo!

Não sei onde encontrou coragem o governo da cidade do Rio de Janeiro para se responsabilizar pela realização dos jogos do PAN. Que coragem! Sabem os bandidos que nesse período de aproximadamente 30 dias estarão na cidade milhares de turistas, cheios de dólares e nem tão bem informados sobre a violência. Entre nós estarão representadas as Américas de norte a sul. Uma repercussão negativa agora respingaria em 2014 na tentativa de realizar-se aqui a Copa do Mundo. Nem é bom pensar!

Os morros do Rio, verdadeiros vulcões da bandidagem carioca, à essa época, se estiverem em erupção do mal, a imagem dos jogos do PAN estará em xeque-mate.

Mas onde eu queria mesmo chegar era em meu Estado. Alagoas tem se tornado um terreno propício para a ação da bandidagem. Nunca vi tanta insegurança pública como agora. Em qualquer lugar com administração de pulso, já havia caído toda a cúpula da segurança pública. Os policiais se aquartelam, e os bandidos fazem a festa. A sociedade contrata esses mesmos militares para ter a ilusão de que está sendo protegida. É só ver-se quem são os bandidos mais violentos e perspicazes que uma outra polícia prende!

Há um caos estabelecido. A polícia está passando fome e o que faz um policial que possui arma e munição, quando, ao chegar em casa após um longo dia correndo atrás de bandidos, vê seus filhos com fome, mal vestidos, pedindo ajuda? Prende a família e põe no xadrez? Claro que não! Vai atrás de conseguir dinheiro na primeira esquina que achar favorável a ele. E por que cobrir o sol com a peneira? Essa é a realidade nua e crua, doa em quem doer!

O policial come, veste, etc. É um cidadão como qualquer outro. Tem dificuldades e grandes dificuldades, diga-se de passagem.

A sociedade reconhece que nos quadros das polícias há também os profissionais bandidos que, mesmo de barriga cheia, cometem delitos. São poucos, coisa corrigível, que às vezes cometem pecados imperdoáveis. O pior de tudo é a mixaria que ganha um policial – isso, sim, é vergonhoso!

Nas ruas, pois, crua e nuamente, está o resfolegar do crime e da miséria. Isso tem que mudar!