por chocolate

Era aguardado o meu depoimento, seria dado para contar as loucuras que cometi em nome do meu vício por um pedaço de chocolate, antes de mim, outros chocólatras compulsivos narraram histórias bizarras sobre adoração ao Deus Cacau; no entanto nenhum relato superará minha história, ei-la:

Uma tremenda dor de barriga me acometera e me fizera passar um terço de hora sobre a retrete, imediatamente, após limpar o rabo, calcei meu tênis inadequado e parti para uma contente caminhada através de aleias cercadas de bambu; sou ruim de cálculo mas aposto que todo o percurso, da parada das vans escolares até a rotatória do cão solitário, mede-se três quilômetros, havia neste caminho um grande trecho sem lâmpadas nos postes de iluminação da Eletropaulo (alô Administração Regional!), portanto, fora exatamente ali que apavorado, me deparei com uma forte luz que fazia sacudir com um vendaval a copa de uma enorme bétula, o redemoinho fazia as folhas secas girarem...eis que surge a nave espacial, perdoem-me caros leitores, seria mais apropriado chama-la de um enorme drone, dele, desce em passos demasiados humanos por sobre uma escadinha prosaica um ser totalmente alienígena, notei seu comprimento desproporcional ao tamanho do drone, o ser pareceu “ajustar-se” exatamente à minha altura, disse-me:

“Venha, deixe tudo para trás, me siga e voaremos em nosso drone por todo este mundo, o que desejares em vosso coração lhe será concedido, pois eu lho darei!

Me sentindo debilitado e confuso pela quase uma hora sem açúcar no sangue, murmurei:

“Preciso avisar lá em casa...” o ser misterioso interrompe com voz infantilizada e a cabeça de microcefalia: “Não há tempo para despedidas, o que você quer? Te darei todo o ouro e poder mundanos, se aceitares partires imediatamente comigo, para a Grande Ilusão”

Resoluto, em sinal de que não tomara o que me dissera por verdade, abaixei minhas calças sacudindo-lhe minha verga em sua direção, fugindo. Uma energia vital extra se apoderara de mim ao me recordar que jamais iria a lugar algum sem levar comigo meu Hersheys 40% amargo e claro, uma garrafinha d’água.