Mudança do tempo

Mulher! Vem ver o redemoinho levantando graveto, Fazendo poeira e varrendo o sertão. Corre mulher, corre os meninos, vêm todos para o terreiro os pequenos fica com medo é o tempo em mutação. O redemoinho passa tudo se acalma o tempo abafa aparece um mormaço o tempo se fecha logo escurece e ronca o trovão. Fica tudo em silencio. Corta um raio faz um clarão. Começa a chover! É a alegria de viver no sertão. Maria traz a bacia, cuia cabaça, pote, tigela e bota para aparar água na bica do oitão. Aí tudo se transforma. Lacraia sai da toca, o ovo espoca para o pinto nascer. Siriema canta na capoeira, menino conserta a baladeira, pega a capanga e vai à ladeira cata pedra pra defender os pintos do gavião. Quero - quero chega a bando vai logo procurando um canto pra se esconder. Cada casal faz o seu ninho e o macho fica vigiando até o filho nascer. A natureza é bela e cheia de ensinamento os animais sabem mais que nós conhecemos de tudo do tempo. Eles sabem quando vai chover. Quando vai fazer verão. O sertão é uma escola. Da vida de ensinamentos das leis de sobrevivência e da religião. Não tem quem tenha mais fé do que o povo do sertão. Faz promessa pra São José, Santo Antônio, São Pedro e São João. E é um povo animado. Quando deixa o roçado vai logo dançar um baião.

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 13/10/2017
Reeditado em 13/10/2017
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