COMO E FAZER 67 ANOS

COMO É FAZER 67 ANOS DE IDADE

Quem nasceu sob o signo da primavera, este, sempre haverá de florir, de levar o amor e o perfume por onde andar... Dessa vez, aconteceu sábado em nossa casa, uma reunião familiar. Senti a falta dos filhos ausentes, os quais por motivos de força maior se ausentaram. Entrementes, a presença de minha netinha mais nova, Livia me fez brincar de Avô e me fazer sentir, que muito embora eu não precise de binóculos para enxergar o horizonte, as alegrias dessa etapa de vida são tão intensas quanto as correntes marinhas nas vazantes de outubro e de toda uma vida de laços e entrelaço familiares tão fortes quanto as rochas que circundam os Inhamuns, berço eterno dos Feitosas, e que tenho orgulho de ser um. De minhas irmãs Aida, Anita e Ana, que herdaram a seriedade e a bravura de minha mãe Maria Cristina, que nos anos 30, atravessou o Mar no Majestoso Almirante Alexndrin, para desposar Antonio Feitosa, meu pai e trazer para a ilha misteriosa de São Luís a nossa História. Mas, ontem foi muito bom, primeira vez que comemoramos, eu e meu primogênito de véspera. Imagine felicidade que todos nos sentimos e em um momento, esquecemos todos os acontecimentos indigestos e nos imaginamos em um mundo diferente deste, onde a ameaça das guerras e do terror, frequentam as nossa vidas mesmo sem saber quem somos...

Mas, os dias que antecederam o meu aniversário, foi como se fosse uma peregrinação nas ruas, vielas e becos de minha amada São Luís. É que eu vivo, falo e piso em cada pedra desse monumento.

Hoje próximo ao cais da sagração, um pequeno Ipê se revestiu de flores amarelas, tão fortes, senti a emoção que aquilo fosse mais um presente de Deus em minha vida. Agora, ouvindo Cauby Peixoto, eu vejo que o amor, já há tempos saiu dos boleros, acabaram-se as cartas perfumadas que duraram séculos, as serenatas, os monogramas nos lenços e a linguagem das flores, os cinemas vazios nas tardes e o mundo inteiro repleto de valentias, pólvora e cheiro de morte, contra o amor que pede a passagem entre os escombros deixados e a pálida moral dos presos e dos que prendem em nome de interesses que buscam a vitória em um tabuleiro verde e amarelo que cheira a morte de inocentes, e assim, eu faço 67 anos de idade.

Airton Gondim Feiosa