Menino Estudado
Dentro de um ônibus qualquer do qual ela pegava para ir ao trabalho todos os dias, havia um menino que vendia balas a um real. O garoto aparentava ter seus oito anos de idade e ela como professora da garotada da idade dele, perguntou a razão que fazia ele procurar vender balas todos os dias naquele ônibus da capital de São Paulo. “É pra comprar meu material escolar”- o garoto respondeu e deu uma razão para ela não dormir durante a noite toda. Naquele ano de 2003, as escolas públicas e privadas exigiam grandes listas de papéis, lápis, tintas…
Coincidentemente, no dia seguinte ela iria comprar os materiais da sua filha, que por coincidência também tinha oito anos. Chegou na loja e pediu: “Duplica a lista”. Faber- Castell, Mercur e as outras “marcas de nome” do ramo, foram parar em duas sacolas: Uma, foi para a filha e outro para o garoto das balas.
O tempo passou e apesar de parecer história inventada, até hoje minha mãe se pergunta que fim levou o garoto, o que será que ele fez com o material escolar dado? Hoje ele é advogado, menino estudado? Vendeu as coisas ou caiu no crime? Quando pergunto se ela se arrepende do que fez, com um sorriso na boca diz alto e em bom tom “não”.
O “se preocupar com os outros”, ao meu ver, não se compra com cursos que existem por aí, não existe nas modas sazonais, elas vem de berço, de experiência não do bolso. E mais que tudo do querer se preocupar de verdade com as pessoas ao de perguntar do seu dia ou simplesmente ir lá e ajudar e não ficar esperando que alguém “convide” para fazer.