AGORA SIM 1 DE PAULO FOG

AGORA SIM - Me lembro sem toda aquela pompa de detalhes, estávamos no lado direito da cidade ali ao redor da antiga Serraria da Inconave já extinta há tempos.

Eu em meus prováveis 12 anos e muitos ossos a me orgulhar, quem diria que aquele negrinho de cabelos ruins pra dedéu e só couro e osso se tornaria hoje uma bola de banha. (kkk).

Trabalhavámos na construção de uma hedícula em formato de L, o terreno não era tão grande, a dona era uma jovem mulher recém separada, com 2 filhas pequenas, ela apareceu em nossa casa Rua Salvador quadra 13 centro, levando a proposta para meu pai que de pronto a atendeu, também mulher já sabe, por ali minha mãe observava e não com bons olhos aquela parceria.

Ja estava perto de 1 mês de obra, a casa semi pronta, faltando os acabamentos, reboco, piso, houve alguns dias chuvosos e meu pai por idéia de um outro construtor fez a brilhante de pôr fogo dentro da casa para esquentar as paredes e assim seca-las para adianto do reboque, só depois soubera que o cheiro da fumaça perduraria por longo tempo ali.

Além de quê, alguns tijolos empretejaram e a laje que havia sido rebocada anteriormente começara a trincar o reboco.

Moral - tivemos de refazer o trabalho, meu pai ficara 2 semanas sem receber e eu tivera que suportar aquele gênio doentio dele.

Ali aprendi a soltar pipa e também me defender, com um pipa azul e branco que comprei com o dinheiro que recebia de meu trabalho que não era tanto e nem tão lá grandes coisas, lá ESTAVA eu em momentos que meu pai deixava ser eu pois não havia essa de só trabalhar não, meu sempre deixava eu curtir um pouco.

Quando do nada a linha rompe, conheci ali o tal cerol, o bixo do diabo viu, cortou sem dó.

Fiquei ali parado, olhando para o alto vendo meu pipa sair a toda pelo céu, de repente um bando de mulekes correm em direção a horta do Japonês e um campo de mesmo nome, vou atrás, pego um atalho e consigo chegar antes, pego meu pipa que alegria, ali agachado limpando ele da terra e sentindo uma extrema felicidade no meu peito por te-lo recuperado ha tempo daqueles brutamontes, Deus que alegria.

Logo sinto alguém me olhar, olho no chão uma sombra, ainda em alegria me viro para ver quem é.

- Devolve meu pipa. Um soco e eu fico ali no chão, parado estatelado, lágrimas rolam e sinto que fiquei cego e sem dentes.

- Nossa pra quê isso. Digo mais o tal agressor sai na toda cheio das badulagens, perfeito maloqueiro, muleke de rua, roupa suja, chinelo preso por pregos e várias marcas nas pernas, depois eu as entendi.

- Devolve meu pipa.

- O quê?

- Devolve. Ao fundo um japonês escorado no cabo da enxada vê o agressor me ameaçar e ainda quase me dar um chute.

Me levanto e saio dali meio que aos quebres daquele ato, minha semana continua, outro pipa, jamais, só quando receber, para meu acalanto ainda tinha meu direito de pão com mortadela ao sabor de agradáveis goles de tubaina no saquinho.

Que alegria, na outra semana o agressor veio me ver no trabalho se apresentou, hoje já não tenho seu nome na lembrança, nem o meu.

Conversamos e ficamos meio colegas, já que ele ainda insistia por vezes em ameaços e tudo bem eu já havia visto seus pontos era um colega de vida sofrida, marcas ás vistas, sem pai nem mãe, criado por uma vó e uma tia bem suspeita por sinal.

Certa vez ele vai no meu trampo com 2 cordões no pescoço disse que havia ganho uma rifa.

- Nossa cara que sorte a sua, eu não ganho nem latinha de tomate.

Ele riu muito, ficamos a brincar de bater figurinhas, a maioria minha que ele fez questão de leva-las sob ameaças.

Mais tarde, policias e a noticia, os cordões fora roubados em uma barraca na Avenida Presidente Vargas.

Agora sim, graças, não tive nem quero ter este tipo de sorte, fico aqui com a minha vida simples de certo bem sem graça mais durmo sempre em paz.

29102017 ------------------.

paulo fogaça
Enviado por paulo fogaça em 01/11/2017
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