ALEGRIAS SIMPLES - Crõnica de recordações

ALEGRIAS SIMPLES

Há músicas que nos transportam para outra dimensão, quando ao ouvi-las temos a oportunidade de nos transportarmos para o nosso interior e perceber quanta coisa ficou encostada, esquecida involuntariamente, por falta de oportunidade.

Sempre temos desculpas para as coisas que não fazemos, e é sempre a mesma desculpa: falta de oportunidade.

Onde estão as prioridades na vida? As coisas materiais são necessárias para todos, para a subsistência, para prover o mínimo necessário, cumprir nossas obrigações com as pessoas que dependem de nós, o nosso trabalho, enfim, os nossos deveres.

O cansaço que nos faz procurar uma distração - porque o nosso corpo não é de ferro – atiça-nos aquela vontade de dar uma “esticada” para ver amigos, um filme, um passeio pelo shopping, quando aproveitamos para fazer um pagamento ou alguma compra, já que estamos na rua.... A verdade é que vivemos intensamente e, provavelmente, sem necessidade.

Precisamos de algo que nos alivie a tensão, porque “carregamos” nossos problemas constantemente conosco, enchendo a nossa cabeça com lista do que fazer, que encaixamos de acordo com os momentos.

A vida se torna muito agitada, porque queremos tudo para “ontem”. Sentimos que estamos perdendo tempo, e o tempo está passando rapidamente.

Essa pressão em que nos envolvemos, estressante, deixa-nos aborrecidos, de olheiras, sentindo mal por não conseguirmos viver melhor. Não cumprimos as nossas “obrigações, não agradamos as pessoas, e principalmente, não agradamos a nós mesmos. Ficamos sempre cansados. Vem o sentimento de impotência, e parece que a idade está apertando o cerco.

Por causa dessas e de outras coisas não sabemos mais sorrir, não temos força para rir sequer de uma piada boba que seja. E o riso é a maior arma que temos contra a vida estressante!

Gostosas gargalhadas!

Esse quadro que fiz aqui é uma observação geral à minha volta. E eu também estou envolvida com isso... No entanto, lembro-me que, quando meus filhos tinham seis, sete anos, nós passamos algumas tardes, após o almoço, os três deitados do lado dos pés da cama, a janela do sobrado aberta às nossas costas, enquanto eu lia revistas infantis. Quanta coisa boa acontecia naqueles momentos: pato Donald, Mickey, qualquer coisa assim. Dávamos gostosas gargalhadas. Era um momento maravilhoso! Longe da família, avós e tias, fazíamos nosso recreio com leituras e risos. Algumas noites, com meu péssimo hábito de ler na cama, lá estava eu escrevendo poemas ou lendo gibis a procurar o sono sem pensar na vida.

Aos domingos, pela manhã, meu marido ligava o rádio de cabeceira para ouvir notícias. Mas pegou uma emissora com um homem falando como caipira contando passagens engraçadas da vida. Começamos a rir (o programa era para isso). Riamos com gosto que acordamos nossas crianças, que vieram se aboletar na nossa cama, querendo ver o que se passava.

Gostosas manhãs de domingo!

Essas coisas inocentes, positivas, são muito importantes na vida de uma família. Esse tipo de entretenimento das revistas para todas as idades, em dois quadros e um diálogo, como a história de Hagar, aquele viking das tiras de quadrinhos, com sua mulher Elga. Impossível não entrar no clima. É um riso espontâneo, saído de cenas simples, mas verdadeiras, atuam em nós como uma música calma. Voltamos à nossa meninice, sentimo-nos crianças longe das malícias, das preocupações que não nos trazem nada. Respiramos, sentindo essa alegria interior tão necessária para a vida.

Em momentos como estes, vemos, quanta coisa temos para nos fazer viver melhor. E o melhor deles, talvez, seja o riso de alegria, aquele riso sadio, vindo de dentro de nossa alma, trazendo a alegria de viver, tornando momentos felizes para que, mais tarde, nossos filhos se lembrem de quanto caminhamos com eles. Lembranças guardadas com carinho.

Então, tudo vale a pena! A vida vale a pena!!!

L. Stella Mello

Stella Mello
Enviado por Stella Mello em 04/11/2017
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