O ATO DE CANTAR

O ATO DE CANTAR

“Está numa verdadeira animação”. É assim que falamos quando vemos alguém cantando alegremente. Cantar é a mais autêntica expressão dos sentimentos e emoções. Mas não é só de alegria. É também quando nos sentimos melancólicos, saudosos, tristes. Porque o ato de cantar representa a manifestação da alma em qualquer que seja o seu o estado emocional.

No canto louvamos, protestamos, denunciamos, festejamos, demonstramos alegrias e tristezas. Cervantes, por seu célebre personagem Dom Quixote, cunhou essa famosa frase: “quem canta seus males espanta”. E é uma grande verdade. Cantar faz a gente se afastar de vários sentimentos ruins. Tem um poder mágico de nos fazer viajar nos sonhos e nas fantasias, a saudade, a vontade enorme de esquecer o desagradável. O coração pungente, mesmo que chorando, recebe uma força analgésica de amenizar as dores quando nos propomos a cantar. Os negros africanos nas suas crises de banzo recorriam ao canto para buscar diminuir a dor da saudade.

É assim que se forma a temática das canções consideradas bregas, ou de “dor de cotovelo”. O cantor coloca para fora todo o seu pesar por perdas amorosas, desgostos, decepções. No entanto, funciona como bálsamo para um espírito dolorido. Na voz coloca todo o lamento que se guarda no peito.

Cantar faz bem a saúde. Está provado cientificamente. Historicamente o ser humano faz do ato de cantar seu mais legítimo modo de dizer o que sente com um misto de contentamento e verdade. Para a dor o remédio. Para a alegria a festa. É assim que age o canto na nossa vida.

Cantar no banheiro, no Karaokê, numa apresentação profissional, num grupo, numa celebração, num ato de rebeldia, na proclamação de uma emoção, num ato religioso, o importante é que nunca deixemos de cantar. Deixar que nossa voz, mesmo que desentoada, extravase os sentimentos. Tim Maia disse certa vez: “Gosto de cantar com sentimentos. Se você não transmitir sentimentos, não atinge ninguém”.

• Do livro “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES".

Rui Leitão
Enviado por Rui Leitão em 05/11/2017
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