ANOS OITENTA, A DECADA PERDIDA?

1980 se iniciava com o Brasil vivendo uma de suas mais sérias crises econômicas de sua história. A inflação em ritmo acelerado de crescimento, poder de compra dos salários diminuindo e o nível de emprego baixando. Isso gerava uma inquietação social com repercussão na política.

Essa situação foi se agravando com o passar do tempo, fazendo com que os anos oitenta fossem considerados a “década perdida”. Produção industrial em franca retração conduzia o país a experimentar uma preocupante fase de estagnação econômica. O baixo crescimento contribuindo para a perda de emprego e renda.

Não há como negar que a década de 80 foi realmente um período perdido. O crescimento do PIB caiu de sete por cento nos anos setenta para dois por cento no decênio seguinte. A inflação alcançou um índice próximo de seiscentos por cento ao ano. Redução de investimentos, insolvência da dívida externa, volatilidade de mercados. Sintomas claros de um colapso econômico.

Se foi uma década perdida na economia, tivemos uma década de ganhos no aspecto político. A ditadura militar chegou ao fim, permitindo a volta de democracia. Uma Assembléia Nacional Constituinte nos ofereceu uma nova Carta Magna, qualificada por Ulysses Guimarães como “Constituição Cidadã”. A sociedade brasileira se reorganizou representada por entidades de classe e novos partidos políticos, abrindo oportunidade para livremente se manifestar nos seus protestos e reivindicações. A censura política deixou de existir no noticiário e na produção cultural. O povo voltou a eleger pelo voto seus representantes no parlamento e seus governantes em todas as esferas do poder executivo.

A década de oitenta, então, teve sua importância na construção de nossa história. Por isso se diz que em períodos de crise, nascem a criatividade e a capacidade de enfrentar as dificuldades. Foi exatamente isso que ocorreu nesse decênio. Enquanto éramos atingidos fortemente pela crise econômica, estabelecíamos as condições para vencer o medo, a desesperança, o desequilíbrio entre produção e consumo. Estávamos reaprendendo a viver numa democracia.

• Do livro “INVENTÁRIO DO TEMPO II” , em construcao.

Rui Leitão
Enviado por Rui Leitão em 05/11/2017
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