O ANÚNCIO DO FACEBOOK

Pela primeira vez na vida o Facebook me levou um dinheirinho. Impulsionei um anúncio que me custou sete reais.

Na verdade eu não sabia exatamente como funcionava , nem o que iria acontecer dali para frente.

A única informação que recebi foi que em 24hs ele seria visualizado por um número entre 1857 a 2463 pessoas na faixa etária entre 14 e 65 anos de idade, todos moradores próximos. Gostei da idéia, mais de duas mil pessoas vendo o meu anúncio? Por sete reais? Muito barato.

Desconfiei, mas experimentei. Como se diz: Não se deve fugir do bicho antes de ver a cor do pêlo. Vi o pêlo e não fugi. Sete reais. . .

Me sinto íntimo do Mark Zuckerberg, ele trabalha pra mim. Seu site divulga o meu anúncio.

Observando mais a fundo percebi que na verdade não é ele que trabalha pra mim, não senhor. Somos nós que trabalhamos pra ele.

Convenhamos , como pode ele ser o bilionário mais jovem do mundo e ter faturado mais de sete bilhões de dólares nos últimos três meses vendendo anúncios de sete reais?

Sabe como?

Todos adoramos postar nossas fotos no Face , mandar mensagens do Chico Xavier , lindas frases de Clarisse Lispector e longos textos de Arnaldo Jabor , também contamos, sem perceber, o que fizemos no final de semana, o que compramos para a casa e o que gostaríamos de ganhar de presente , além de todas as coisas que gostaríamos de ter.

Comentamos o que estamos pensando em fazer nas férias, para onde gostaríamos de viajar, em qual restaurante estamos jantando e que cerveja tomamos. Enfim expomos nossos gostos e desejos e isso é ouro para as empresas, saber o que o consumidor deseja.

Na verdade , mais do que simples comentários , ingenuamente estamos passando informações preciosas ao Face de tudo aquilo que poderemos futuramente querer de novo. Tornamo-nos um público consumidor que detalhamos nossos desejos, aspirações e aquilo que estamos “louquinhos” para consumir. É um prato cheio para um bom vendedor.

Quando o doutor Márcio José Rodrigues, por exemplo, mostra na sua página da rede social os seu dotes culinários, muito apurados por sinal, e a sua requintada habilidade em fazer pratos apetitosos, na verdade ele está informando à rede que é um comprador sistemático de tudo aquilo que diz respeito a este mister.

Temperos, condimentos, camarões, bacons, tomates secos, na área de queijos o Provolone, o Gorgonzola, o Roquefort e algumas vezes o Cottage (bah!! já me deu água na boca e a vontade de receber um convite para um almoço) e demais iguarias finas para sua cozinha, ele entra para a imensa lista dos usuários que serão informados de qualquer produto que aparecer no mercado relacionado à alimentação.

E por traz, logicamente, encontra-se sempre um anúncio pago, diga-se, de um produto especifico de culinária. Simples assim.

Digamos que exista um grande produtor de queijos que deseja anunciar seus produtos neste grande portal virtual. Seu anúncio será direcionado para pessoas que assim como o doutor Márcio gostem de queijos, pois em algum momento demonstraram este gosto através de alguma foto, comentário ou curtida.

Você já percebeu que quando visita uma página a procura de algum produto ele começa a aparecer constantemente em todas as páginas seguintes que você abrir? Você deu uma dica do que tem interesse.

Existe uma frase famosa no mundo do marketing digital que diz que se você não paga por um produto, é sinal claro de que o produto é você.

Pensando bem sete reais está muito bem pago.