PARADA CARDÍACA CRIA ESTRELA

Elisângela chegou ao estrelato, por 48 horas apenas, depois será esquecida, se ninguém tomar uma atitude. Não, ela não ganhou nenhuma medalha nos jogos do ParaPan, a sua deficiência (cardíaca) é uma categoria que ainda não participa desses jogos, por isso ela não ganhou uma medalha, mas um túmulo e sua família, como a de milhões de brasileiros que necessitam da Rede Pública de Saúde, carrega a cruz sózinha.

No cenário político, aqueles que por muito tempo já deveriam estar ajudando a aliviar o peso dessa cruz, estão formando suas estratégias para tirar algum proveito pessoal ou, pelo menos, se eximirem da responsabilidade.

E os médicos ? Ah! É difícil encontrarmos profissão tão nobre e tão bem representada pela maioria (eu ainda acredito) que faz o "juramento". Mas entre eles, como entre quaisquer profissionais, existem os criminosos mercenários que desonram a categoria. Esses que colaboram com o assassinato de brasileiros humildes, como Elisângela, deveriam ser presos em fraglante, no mínimo, por omissão de socorro.

A greve é justa ? Não, eu não conheço greve justa, apenas os "manifestos públicos" podem ter uma justificativa, pois representam a indignação do cidadão com alguma situação. Mas greve é a paralização de determinados profissionais que estão insatisfeitos com salários, carga horária ou outro benefício. Ora, se parar de trabalhar por esses motivos, certamente, mais do que seu patrão ou o governo, quem vai ser atingido a população, cidadões brasileiros, beneficiários de seus serviços. Se não estão satisfeitos, seria mais digno procurar outro patrão, trabalhar por conta própria ou mudar de profissão. No caso dos médicos e demais funcionários da Rede Pública de Saúde de estados como Alagoas, Paraíba e região, se faltassem profissionais, os governantes teriam que contratar substitutos e, para isso, talvez fossem obrigados a pagar uma remuneração descente, menos vergonhosa. Será que esses profissionais ainda não sabem que, se guardarem seus diplomas em casa e fossem vender amendoim ou doces nas esquinas, talvez tripliquem sua renda e só seriam atingidos pelos impostos na aquisição do produto a ser vendido.

E o CPMF ? Este se fosse aplicado como a lei determinava, desde o início, nossa estrêla do dia estaria viva e os hospitais e postos de saúde públicos, fariam inveja aos melhores hospitais do Brasil. Até os planos de saúde teriam vergonha de cobrar o que cobram, mesmo porque muita gente não precisaria deixar de pagar prestações de casa própria, não pararia de estudar, etc., para pagar tais planos, com o intuito de sobreviver no país mais rico (em recursos) do mundo. Quem quer a prorrogação da CPMF são os inimigos do povo, especialmente das classes mais pobres. É o mais injusto dos impostos, que os sem vergonha, sem ética, sem moral e sem espírito humanitário, para enganar chamam de contribuição. Srs. parlamentares vocês foram eleitos para representar seus eleitores e não para traí-los. Cumpram sua missão, ou será que não têm competência para distinguir que "contribuição" é algo expontâneo (dá quem quer) e toda verba obrigatória é "imposto".

Que sentiria Rui Barbosa ao ver a que ponto chegaram as iniqüidades que ele temia, naqueles saudosos tempos.

Deus tenha dó dos brasileiros honestos !

São Paulo, 21/08/07

Fernando A. S. Couto

Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 21/08/2007
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