PREFÁCIO DO LIVRO EM VERSOS SIMPLES - FÁTIMA ALMEIDA

Abaixo, o prefácio da obra Em Versos Simples, de Fátima Almeida (a nossa Fafah Reis).

Publico-o aqui sob a classificação de crônica, porque não encontrei no rol de categorias do RL uma melhor forma de classificá-lo.

A obra ainda está, digamos, no forno, porém publico o prefácio com o aval de Fátima Almeida e adianto a minha felicidade por ter sido escolhida para tão séria e, ao mesmo tempo, gratificante tarefa. Meus agradecimentos, querida Fafah!

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PREFÁCIO

Seca não é

Somente

a falta d’agua.

É ausência total

de respeito

direitos

deveres.

Fátima Almeida, desta feita, presenteia-nos com um livro de poemas intitulado Em Versos Simples. Todavia, como convém a toda escritora que não se entrega à normalidade da vida, escreve poemas com versos em que nada há de simples. Ela navega contra a corrente, atravessa corredeiras e vendavais, sem confundir singeleza com construções menores e/ou simplificadas.

A obra constitui-se de fortes elementos de natureza poética. Nela vemos, claramente, a capacidade que tem a escritora de tratar um fugaz instante anulando dele o mistério e o transformando em profundo sentimento exposto, à flor da poesia. Simples este feito? De maneira alguma! Descomplicado, sim, porque a autora o descomplica. Simples, jamais.

A escolha do título, (excelente, por sinal) é característica inerente aos poetas, que em seu cérebro anterior recebe as imagens e as descreve por meio de palavras poéticas, gerando pensamentos, os quais alcançam a expressão na linguagem. Parece ser um processo simples, mas reitero o fato de que o cerebelo retransmite ao cérebro anterior tudo que recebe. Nessa transmissão ocorrem modificações condensadas, já que o cerebelo lhes acrescenta algo de sua própria característica. Então, resultam os versos, que são frutos da inspiração intuída por quem os escreve. São palavras e frases poéticas, que por meio da linguagem formam ondas de sonoridades harmoniosas e provocam efeitos semelhantes nos leitores. Assim são os versos de Fátima Almeida: criações sadias e descomplicadas, para o bem da humanidade. O ouro e o oxigênio são corpos simples, já que são da mesma natureza elementar. Esta é, verdadeiramente, a pretensa simplicidade dos versos desta obra. São tão valiosos, quanto o ouro e o ar.

Nessa travessia poética, a autora contempla seus leitores com tautogramas, haicais, quadrinhas, sonetos e poemas outros, sendo estes livres de bulas ou prospectos acerca de sua composição.

Nos tautogramas, alega brincar com as palavras, porém, nesse brincar, aborda temas sérios e, do mesmo modo, trabalha-os levemente, sentindo prazer no gosto das palavras que neles pululam.

Os haicais, ah, os haicais de Fátima Almeida! Versos curtos de origem oriental, com sentimentos de tal profundidade, que (ouso dizer) nos atingem o cerne da alma. Em poucas palavras, são versos que alcançam-nos o âmago.

As quadrinhas de Fátima, em que ela diz não se preocupar com rimas ou métricas, apontam verdades incontestes. São doces cantigas ritmadas ao bel prazer da leitura, é o que a autora sente e expressa, de forma a mitigar dores e amores.

Seus sonetos mergulham-nos em profundezas de amor, de lacerações e de enlevo ante a natureza e seus encantos.

Em Versos Simples, a autora toma para si as dores da humanidade, defende-a e clama por justiça social. Chora saudades, saúda a poesia e homenageia a mãe. Tenta entender idas e vindas de um amor pretendido, decepções de desencontros amorosos, sem que, com isso, fosse necessário desalojar o nobre sentimento. Arruma-lhe o melhor dos lugares de um ser, guardando-o no coração.

Em preces, queixa-se ao vento desvendando altos sonhos, inclusive, em língua britânica.

Desta forma, os versos de Fátima Almeida acontecem em plenitude e em clímax poético, como convém a uma grande representante baiana das letras em terras sergipanas que, mesmo contra a corrente, chega à outra margem do rio com forte e meigo remar, fazendo suavemente o contraponto das inevitáveis e variadas formas de olhar o mundo.

Li a obra verso a verso e afirmo, sem dúvida, é uma deliciosa leitura.

Tenho convicção de que você, leitor, sentirá este mesmo prazer ao findar sua viagem entre estes versos de incontornável deslumbramento.

Dalva Molina Mansano

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 26/11/2017
Código do texto: T6183040
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