Esse professor dá trabalho

Esse professor dá trabalho!

Meu professor me pediu para eu escrever um texto sobre coerência textual! Puxa vida! Esse cara é um mala! Pra que que ele tem que mandar a gente fazer essas coisas? Vou entrar pra Marinha e seguir carreira. Não vou precisar dessas coisas! Cara mais chato! Ele acha que todo mundo tem que ser igual a essa gente morta que escreve os textos chatos que não têm nada a ver com nada. A aula dele é uma chatice! Fala, fala, fala... Dá bronca! Faz chamada! Fala, fala, fala... E deixa a gente doido de tanta falação. Eu queria saber de onde esse cara tira tanto assunto! Ele deve morar numa biblioteca. A casa dele deve ser igual a um museu misturado com cemitério. Vai gostar de falar de gente que já morreu assim lá no inferno! O cara é tão doido que dá dez para um bagunceiro só porque escreveu igual a um tal de Camões. Mas o cara parecia escrever com os pés! Jumento! Perturba a aula e depois ganha dez porque copiou o jeito dos outros. Eu escrevo do meu jeito e ele não aceita. Sabe de uma coisa? Esse texto será o último que eu vou tentar fazer. Se estiver bom, ótimo. Se não estiver, ótimo também! Tá pensando que eu sou da Academia Brasileira de Letras?! Sou não!

Tenho que escrever sobre essa droga de coerência e ainda tenho de engolir os palavrões porque o cara é todo certinho, todo moralista. Só que vive passando texto dum tal de Gil Vicente cheio de palavrão e de maldições. Agora mostrou um tal de Gregório de Matos. Desbocado e que fica fazendo uns poemas para Jesus pra disfarçar. Baiano safado duma figa esse tal de Boca do Inferno! Merecia o apelido!

A outra chata da minha mãe já está no meu pé para eu escrever. Deve ser feitiçaria desse professor! Vou pro texto.

Trabalho de Língua Portuguesa sobre coerência textual

Eu olhei no livro do meu primo sobre esse troço de coerência textual. Eu descobri que é pra gente escrever de um jeito que tenha a ver com o que foi pedido pelo professor. Até aí eu entendi. É só obedecer ao mala sem alça de óculos com uma pilha de livros embaixo do braço! Pergunto a alguns dos puxa saco dele e eles dizem pra mim o que o professor quer. Eu faço tudo para agradar e o dez é certo! Certo? Que nada! O bruxo filho duma boa senhora sempre acha um defeito. Nada está bom para ele. Fica dando um monte de exemplos da vida dele e não explica nada. Cara incoerente! Peraí! Eu disse que o professor é incoerente. Se ele é incoerente é porque não tem coerência! Fala coisas que não têm nada a ver com nada. Yes! Isso é coerência então! É escrever sobre o que tem a ver com o que pensamos escrever. Temos que escrever de acordo com o assunto, do jeito correto e sem viajar na maionese! Caramba!

Fui conferir no livro do nerd lá da outra turma e vi que é isso mesmo. Vou entregar o texto pro filho da... para o meu professor! Mas será que assim cheio dessas palavras doidas ele não vai ficar com raiva de mim? Vou tomar coragem. O Zeca vai comigo! Não sei porque, mas o professor nunca briga com ele e nem com a Marília! Será que é porque fazem tudo do jeito dele? Não sei, mas não posso ser incoerente e covarde. Se escrevi, vou assumir.

Faltou a bibliografia! Eu não copiei de livro nenhum! E agora? Como eu vou provar que sei? Não sei. O trabalho foi um desabafo meu! Não seria coerente eu anotar a bibliografia. Nem o dicionário eu usei! Vai assim mesmo. Será que ele quer com capa? O importante é que o texto está aqui. Se ele brigar comigo, eu faço outro. Agora já sei do que tenho a dizer.

Oswaldo Eurico Rodrigues
Enviado por Oswaldo Eurico Rodrigues em 06/12/2017
Reeditado em 06/12/2017
Código do texto: T6191868
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