O DESCONHECIDO REVELADO


 
     Surpresa. Beleza. Exuberância. Sentimentos que afloram e tomam conta de cada um. A expectativa do desconhecido que anima as conversas, os comentários, os olhares.

Os dissabores com horas passadas em esperas nos espaços movimentados e confinados dos aeroportos, com bagagens extraviadas, se esvaem. Dão lugar ao encantamento pelas cidades que recebem os visitantes, envolvem-nos, provocam entusiasmo, ânsia por explorar, desejo de desfrutar cada local, cada rua, cada canto, cada pedacinho de países únicos no seu modo de ser.

     Um roteiro extravagante, empolgante que leva a todos de cidade em cidade. Longo? Pode ser. Interessante? Com certeza. Estimulante? Obviamente!
Na história relatada, repetida, memorizada, esquecida e questionada surge o relato de um povo sofrido, exaurido por invasões, dominações, guerras civis, levantes, insurgimentos, porém guerreiro, combativo, que encontra no âmago do seu ser o estímulo para lutar pela manutenção do seu orgulho, da sua liberdade. Um povo que defende arraigadamente sua cultura, suas tradições e sua individualidade.

     O ônibus carregado de pessoas vai entrando países a fora por auto-estradas, algumas menores, outras secundárias que revelam o interior da Eslovenia, Croacia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina e Servia. Vão conhecendo a intimidade das cidades, com suas antiguidades perpetuadas e destacadas entre pinceladas de modernidade. Convivem lado a lado, a arquitetura de séculos, firme, imponente, nobre e os prédios modernos, envidraçados, altos e baixos, orgulhosos e altaneiros na comprovação de que o antigo se mescla ao novo em uma combinação radiante e impactante.
     
     Risos, conversas, entrosamento, adaptação e envolvimento são permanentes no grupo contagiantemente animado. Deslumbramento com a história narrada por aqueles que a conhecem e a vivenciaram,  que descreve os caminhos e descaminhos da região balcânica que
passou de mão em mão, dominada pelo império romano, bizantino e veneziano; sofreu invasões de godos, visigodos, astrogodos, mulçumanos até encontrar, nos tempos contemporâneos uma ditadura férrea que não lhe resumiu a pó, mas trouxe-lhe benefícios sem ser seu capítulo final. Este sim foi escrito pela independência dos vários países. Ainda há aspirações  de uma ou outra região específica de criar o seu final escolhido.
     
     Contentamento foi a tônica permanente no roteiro rico em cultura, em beleza natural que se apresentava nas cidades que eram visitadas, nas montanhas rodeadas, nas planícies que visualizadas, no mar Adriático cujas águas amenas lambiam pequenas praias, portos e teimosamente seguiam a estrada que conduzia a locais cada vez mais surpreendentes e esplêndidos.

     O idioma? Esse é um fato a parte. De origem eslava é tão complicado quanto os meandros do cérebro feminimo ao raciocinar sobre decisões a tomar. Salvos pelo inglês e espanhol, pouco fluentes, todos otimistas compravam, alimentavam-se, bebiam e lambuzavam-se nas variadas oportunidades que cada cidade oferecia. Na brincadeira bem humorada, até um dialeto foi criado. Com significado? Aí a pergunta torna-se complexa e provavelmente sem resposta.
     
     Aquisições? Compras? Outra pergunta que nem precisava de resposta, pois estava claramente repondida nas sacolas, embrulhos nas mãos de todos. Bijoux em geral, écharpes coloridas, vestidos, saias, blusas, casacos. Elegantes, charmosos, finos, esportivos, originais. Uma dica de compra desaguava em uma invasão brasileira nas lojas grandes e pequenas, cujos donos sorriam maravilhados ao despachar suas mercadorias, seus produtos, suas criações para outro país, longíquo, nas bagagens dos afoitos compradores  que escolhiam alegremente 'as bugigangas' que aos poucos iam sobrecarregando as malas. Peso? Imagina! Quem se importa com isso ao ver tanta coisa graciosa! Que precisava ser mostrada, desfilada, exibida, sobretudo, às companheiras! Nada novo passava desapercebido. Uma satisfação de cada uma no presente adquirido para si, para a família, para amigos.

     Uma maratona de vinte dias que se inicia em um aeroporto e termina no mesmo.  Assertivamente deixou sabor de alegria e de amizade. Com certeza, criará saudade da convivência prazeirosa, do conhecimento adquirido, das surpresas convividas, do sono pouco para passear mais, das experiências compartilhadas.

     Momentos bem vividos, companhias usufruidas, amizades surgidas, cumplicidade criada, divertimento compartilhado, cansaço generalizado, alegria conferida, sentimentos de supresa, de beleza, de admiração. Desconhecido tornado surpreendentemente conhecido na mente inquisidora, nos olhares atentos, no desejo de estar ali.  Na viagem realizada!

 
Tereza Freire 
 
Tereza Freire
Enviado por Tereza Freire em 09/12/2017
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