Ser sempre brilhante

Recentemente, li a entrevista de um dos irmãos, ex-integrantes da banda de rock britânica Oasis, não lembro bem se Liam ou Noel, mas me chamou a atenção o fato dele ter mencionado que, por muito tempo, havia sofrido terríveis angústias e até depressão por nem sempre conseguir criar grandes músicas até entender que não era possível ser sempre brilhante , ou seja, produzir composições maravilhosas e inesquecíveis. Ele havia se convencido ao ver que até grandes artistas como John Lennon haviam composto músicas medianas. Isto me fez perguntar: será que Leonardo da Vinci teve dias nos quais sentiu que não conseguiria criar algo realmente bom?

Em certas ocasiões, eu sinto que o que fiz não foi tão bom, o que me deixa insatisfeita, mas devo lembrar que nem sempre conseguirei escrever algo realmente bom e tenho limites. Não posso forçar a criatividade. Ademais, mesmo escritores que admiro como Stephen King escrevem contos ou romances não tão memoráveis. Num livro de King, Sombras da Noite, coletânea de muitos contos que ele publicou bem antes de se consagrar, há histórias muito boas como Às vezes eles voltam, Sei o que você precisa e As crianças do milharal, mas outros que não julgo tão bons (na minha opinião), como A máquina de passar roupa, Caminhões e Turno de Cemitério.

Vale reforçarmos que é engano supor que o escritor (como outros artistas) escreva como quem está brincando. A escrita criativa exige muito de nós e é frequente que, à medida que a gente vai escrevendo, termine mudando tudo, resultando em algo totalmente diferente de nossa concepção original. Às vezes, dá certo, em outras ocasiões, não.

Hoje, não me obrigo mais a ser perfeita.