Ficando demodê

A expressão “o tempo passa, o tempo voa...” além de nos remeter aos tempos da boa propaganda do Bamerindus também nos faz lembrar a elevada observação de Nelson Ned: tudo passa... tudo passará. Foi o que senti ontem pela manhã quando zapzapeava com o amigo Maurício Ostapiuk. Lá pelas tantas usei o “conosco”, pronome que vem sendo preterido pelo substantivo “gente”, - que o jogou para o pretérito -, já que elevado à condição de pronome. Fiquei surpreso com a palavra. O que mais se vê por aí é “a gente vai ... e você vem com a gente” e por aí afora. Isto quando não é deixado de lado em favor de “agente”... A propósito, quando é conosco isto é normal. Vide as reclamações contra as medidas econômicas do Governo. O grito é geral: “querem acabar com agente!”. Pouco “a gente” e nenhum “conosco”.

Pois é, mas o conosco, assim como seu irmão convosco, sofre com os atropelos do passar do tempo. Estão percorrendo o mesmo trecho. A regra é esta: para sair do tabuleiro não precisa comer a Rainha, empurrar o Bispo ou chocar-se contra a Torre. Dá-se naturalmente. Os exemplos são muitos. Veja alguns deles: você que não perde as transmissões de jogos do Brasileirão, Francesão, Espanholão ou Bretão (para justificar o epíteto esporte bretão) certamente nunca ouviu algum comentarista dizer que a “peleja está supimpa”. Ambas sucumbiram (opa! Esta também está desaparecendo...). E não adianta “subir pelas paredes”. Ou “pelas tamancas”. O avanço é inexorável (sob forte risco!). Você tem é que dar um like no que vê por aí, curtir ou deletar. Afinal, o uso de palavras ou expressões que saíram de moda pode nos tornar politicamente incorretos... Assim, quando algo lhe provocar desejos jamais diga que “ficou com as bichas assanhadas”.

Resumindo: você tem é que ir em frente, cabelos ao vento, livre, leve e solto. Sobretudo, levando em conta um antigo ensinamento do passado, recordado pelo Mauricio: conosco não tem enrosco!