A primeira vez que ela viu o mar...

Este episódio ocorreu em dezembro de 1989. Fomos visitar alguns parentes que moravam em São Vicente, cidade do litoral paulista. Minha filha na época tinha uns sete anos. Seria o aniversário de um ano de seu priminho, que, aliás, ela nem conhecia. A curiosidade era grande em relação ao menino – ela só queria saber se ele sabia brincar de tudo, porém, nem imaginava como seria aquele mar que sua avó paterna tanto lhe falava! Chegamos à cidade já pela noitinha, pois atravessar a marginal em "Sampa" não foi fácil, tamanho o congestionamento! Foi o tempo de tomarmos banho e sairmos todos para jantar. Fomos a uma pizzaria na cidade de Santos, um lugarzinho perto do porto onde havia tanta gente que mal conseguimos lugar à mesa. Ficamos por ali até às 23:00 horas e voltamos para São Vicente.

Levantamos lá pelas sete da matina e fizemos uns bons lanches, pois quem tem filhos pequenos, não pode vacilar com coisas vendidas na beira da praia, aliás, em uma outra estada por lá tivemos problemas de intoxicação e não custava nada prevenir. Dizem que quem leva isopor em beira de praia é farofeiro – pois prefiro o apelido! (a uma diarreia).

Minha filha sempre foi uma criança isenta de medo, quando eu lhe dizia que não fizesse algo que seria perigoso, ela já havia feito não se importando qual fosse o resultado. Dentro de um período de dois anos ela já havia trincado o osso da face, levado vários pontos na cabeça, joelho e muitos hematomas, pelas estripulias mais que armara.

Bem, voltando ao passeio – saímos do edifício que ficava a duas quadras do mar e resolvemos ir a pé pra facilitar, já que à beira mar, final de ano, fica difícil um bom lugar para estacionar. Ainda terminávamos de atravessar a avenida que contorna o mar quando minha filha saiu correndo e gritando – É gandi! É gandiiii! Senti nela uma sensação de liberdade, uma euforia tão intensa que mal tivemos tempo de encontrar um bom lugar para deixar nossas esteiras e outras “cositas” mais... (Podem rir à vontade!). Ficamos todos a olhá-la com suas perninhas bem torneadas, de biquíni, correndo de encontro ao mar. Não havia medo, nem mesmo, receio daquela imensidão. Foi como se ela sempre estivera ali em comunhão com aquele mar, com aquelas ondas... Foi um momento mágico que não poderia passar em branco. Várias fotos foram tiradas, saídas de uma maquininha "chinfrim", mas, que serviram de testemunhas para um momento tão maravilhoso! A viagem durou sete dias - os mais lindos dias que pudemos desfrutar juntamente com nossos entes queridos que hoje já não se encontram em nosso convívio. Ficou, no entanto essa linda recordação! Hoje ela tem vinte e cinco anos, é formada professora de Educação Física, desenvolve trabalhos bem diversificados – é Árbitra de Futsal, desenvolve projetos para crianças carentes pela Escola da Família e dá aula de dança numa escola de tempo integral, porém, continua a mesma menina sapeca de anos atrás; sua energia, humor, disposição e coragem, encanta a todos!

Nina_23/08/2007 - 15:56