O Jovem Desejo de Engolir o Mundo

Eu estava encantada pelo velho. Não pelo físico do velho, mas pela alma do velho. De fato eu me encantava sempre por homens mais maduros, os jovens não sabiam nada, ainda. Eu não queria me perder com os outros. Eu queria me achar com os outros. Eu estava encantada pelo velho, não de forma romantizada, mas como quem esperava sua afirmação. Eu esperava aceitação. E apesar de todo meu desejo, não havia nada. Nenhum retorno. O velho nada achava sobre mim, como quem não acha nada de um recém nascido por não conhecer o mundo. O que se esperar de alguém que nada é, ainda? Por não ser notada, eu odiava o velho. Cuspia seu nome em rodas de amigos. Praguejava seu nome no jantar e pouco antes de dormir. Até que um dia, ao acabar de compor uma poesia, eu quis mostrar ao velho. Pior que isso, eu quis conversar com o velho. Contar-lhe os caminhos traçados entre uma ideia e outra. Mas eu era jovem e não sabia nada sobre o mundo, ainda. Viria o dia então que o velho morreria sem me dizer uma palavra, sequer. E chegaria o dia também em que eu seria velha e não veria os jovens também.