Mãe de um autista

Recentemente,descobri que meu filho mais velho agora com dezenove anos é autista.

Confesso, que no inicio me assustei um pouco, mas depois fiquei feliz por saber o diagnostico correto sobre o que o meu filho filho realmente tem e como poder ajuda-lo de uma forma correta e que dê resultados.

Apesar disso ter causado problemas no desenvolvimento da linguagem, nos processos de comunicação, na interação e comportamento social, eu aprendi muitas coisas com ele desde cedo.

A doçura desse menino era muito especial, a pureza no seu olhar até hoje eu encontro quando eu o fito.

O jeito tranquilo de ouvir, e guardar para si os seus julgamentos foi uma grande lição.

Sapiente sempre sabia se calar, ou se retirar para não atrapalhar, não ser inconveniente, ele nunca queria atrapalhar.

Sempre preferia ficar calado, observando o mundo a sua volta, como se ele mesmo tivesse o seu próprio mundo.

Eu perdi a conta de quantas inúmeras vezes eu e minha mãe ensinávamos coisas simples, mas ele não conseguia entender, ou até compreendia, mas depois de um minuto ele já tinha apagado da sua mente completamente.

Até uns três ou quatro anos ela era amoroso, carinhoso, e sempre com um lindo sorriso, e quando menos esperamos aquela criança linda e mimosa sumiu. Ele se interiorizou tanto que as vezes acho que ele se perdeu. Ele esqueceu como se sorri.

E isso me fez chorar, mas mesmo assim nunca desistirei de nem um dos meus filhos.

Ele cresceu, e mais solitário, e introspectivo ele se tornara.

Comecei a perder um pouco o jeito de como lidar, queria abraça-lo, mas o meu abraço era rejeitado.

Queria ouvir sua voz ao menos um minuto, mas emudecia horas.

As coisas mais simples que um adolescente faz meu filho não conseguia fazer, ele custou muito para aprender, mas a insistência era continuamente.

Mas nem uma dessas dificuldades puderam me fazer deixar de ama-lo.

Eu sinto medo das pessoas feri-lo com palavras e olhares, apesar dele sempre dizer,"mãe eu não me importo". Mas eu me importo, eu me entristeço quando vejo a crueldade da humanidade.

O caminho foi e é longo, mas agora nesse final de ano eu tenho muitas coisas boas pra contar sobre ele.

Meu filho esta sendo tratado com profissionais que realmente se importam com ele, e dando o tratamento adequado meu filho tem correspondo muito positivamente, e isso me deixou extremamente feliz.

Hoje eu tenho u sonho, de poder ver meu filho formado, com um emprego e tomando conta de si mesmo.

A coisa mais linda que ele me ensinou foi que ser diferente não há nada de errado ou ruim. Muitas foram as lições que eu puder tomar com ele, inclusive treinar-me para ser paciente, ouvinte mesmo que eu esperasse por muitas horas para ouvir um oi.

Graças a esse tratamento, hoje ele tem pequenas conversas comigo de vez em quando.

Ainda fico muito ansiosa para saber de tudo, mas aprendi a respeitar o tempo dele. Voltamos a ser bons amigos como eramos quando ele era um pequeno bebe.

Ainda tem muito a se trabalhar, os movimentos repetitivos ainda são bem visíveis, dificuldade na fala, a interação com as pessoas ainda é difícil, e não só com as demais pessoas comigo , com a família ainda há muitas restrições; mas esse pouco que estou tendo já é uma esperança que cada dia isso cresça.

Lembro quando ele começou a falar já tinha ais de três anos e quase não entendiamos nada, passava horas repetindo balbuciando "tacamaca" até meses depois eu descobri que era uma musica que ele ouvia no rádio. Era estranho ver uma criança de três anos que organizava seus brinquedos em lugares específicos e nunca mudava de lugar e as vezes eu ia limpar e trocava e ele não gostava e quando eu falava em por fora os brinquedos nossa era um tormento.

Ele nunca se enturmou, e os meninos o questionavam porque ele não queria jogar bola se todos jogavam depois de anos de bulling ele respondeu:"porque eu não sou todo mundo".

Confesso que me senti até orgulhosa, porque eu vi que ele não era igual, ele tinha essa consciência e as pessoas queriam que ele se comportasse como os demais.

Mas essas poucas coisas que citei, foi para as pessoas pararem de reclamar de seus filhos que não param quietos, eu sofro porque ainda vejo meu filho quieto só mexendo os dedos sem parar.

Parem de reclamar que seus filhos gritam eu ainda fico ansiosa para ouvir a voz do meu menino.

Eu sou uma mãe de milhares de outras que possuem um filho mais que especial, um autista, eu gostaria de pedir as pessoas que não rejeitem nossos filhos. Eles podem ter dificuldades para falar mas eles compreendem tudo que se fala. Eles podem não interagir com as pessoas, porém eles notam quando as pessoas se afastam.

Eles não são perigosos, não tenham medo pelo fato deles serem diferentes.

Não julguem nossos filhos porque eles não conseguem passar de ano, eles se esforçam e as mães também, mas infelizmente muitos não conseguem mesmo.

Não diga a mãe de um autista,"ai que pena, sinto pena de você" eu te digo eu sinto pena de você que não sabe , não se informa e julga o autismo como bobagem. Eu sinto é nojo de gente que diz que autismo não é doença.

Mães, assim como eu tenho esperança, não desanimem nunca, não esmoreçam, sei que as vezes só temos vontade de chorar, e parece que não vamos mais aguentar. Mas na verdade não sabemos o quão forte e corajosa somos, e essa dádiva de ter alguém especial em nossas vidas é o que nos impulsiona cada dia mais evoluirmos juntos com eles, nossos grandes exemplos de vidas, nossos filhos com autismo.

Um fraterno braço a todas as super mães que estão sempre de braços abetos aos seus filhos.

Um beijo.

Daniela Appariz
Enviado por Daniela Appariz em 26/12/2017
Código do texto: T6208442
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