Recomeçar... mais uma vez.

Que o ano se vá. Não. Ele não vai deixar saudades. Desejo que fique alguma aprendizagem. Que o ódio corrói, pode até matar. Que a alienação é um câncer que se alastra inexoravelmente e que analfabetismo político só deixa os donos do poder numa satisfação única, de verdadeiro regozijo, na certeza de possuírem seus eternos pares de sapatos muito bem engraxados, de cromo alemão, com o poder de pisotear os que pouco ou nada tem. Nessa condição, almas podem ficar prestes ao óbito doído pela falta de cordialidade e de compaixão.

As chuvas que teimam em cair em grande parte do país não são sinais da natureza. São sinais divinos, de que anjos, santos, arcanjos, querubins e serafins sentem ao ver como ficamos: mais pobres, escrachados, sozinhos e perdidos. Um novo Febeapá, o Festival de Besteiras que Assola o País, com força hercúlea a gargalhar dos que pensam. Podemos lembrar do corte de leite para as crianças e, já, de carne também nas escolas públicas de São Paulo.

A câmara aprovou o projeto. De cara, só um dia sem carne. Lógico, só o inicio.

Não vou desfiar o rosário de lamentações, relembrar a lama fedorenta que tomou conta do meu país que, de alguma forma, contribuí para que fosse um pouco melhor, pois todos nós sabemos de cor o que houve, só nos resta aprender. Mas os anjos, arcanjos e que tais se compadecem na sua verdade e senso de justiça. E choram, enchem rios, fazem enxurradas salgadas pelas lágrimas pontuais.

Que no ano que está chegando agorinha possamos ter mais vergonha na cara, que possamos deixar que a anestesia se acabe e tenhamos mais energia renovadora, mais compaixão, menos ódio, menos birra dos diferentes, menos raiva de pobre, menos mi mi mi. Eu sempre soube que mimo não prestava, mas jamais poderia imaginar que molequinho mimado demais poria um país à míngua e o exporia ao escárnio internacional. Eu não sabia disso.

Que dentro das nossas limitações sejamos felizes.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 31/12/2017
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