Chuva de Verão

Amo a chuva. E as ciladas da vida. Não tenho muito, nem devo muito – nem trabalho muito. Vivo “bem”, superando e resistindo a algumas necessidades básicas com alguma precariedade. Muitos infortúnios: Mas sou feliz.

Não sou um Veríssimo, um Drummond, ou um Machado, mas me divirto. Não gosto de me distrair em demasia, prefiro, mesmo dionisiacamente, estar sóbrio. Respiro um pouco, como um pouco, escrevo um pouco e penso muito. Enquanto a água cai vagarosa.

Aquilo que o amanhã me reserva, não sei exatamente. Levanto fumaça misturada com palavras na chuva e, por agora, isso me basta. Papa renuncia aqui, emprego me renuncia ali, tudo hoje é normal. Não tenho frio.

A suave luz da noite goteja sobre mim. O delicioso sabor de viver. Amar. Aqueles olhos azuis, hoje próximos, e o meu sangue, tão frágil e distante. Sinto-os sofrer. O homem é fraco. Talvez por isso creia tanto em algum deus. Viver não é fácil.

Mas espero que esse, como aliás quase a totalidade de meus escritos, deixe um sabor de otimismo na mente do leitor. E, para quem escreve revelar seus propósitos, com certeza guarda algo bem especial para si mesmo e os que vivem com ele e os que vivem-no, pelas suas palavras.

Daniel Bgjgr.

18.II.2012

Postado originalmente em 19 Fevereiro 2013