C.N.H

Usando do bom senso eu não contaria o que vou contar, por outro lado, sem o preâmbulo meu “caso” ficaria manco, incompleto, e ninguém me daria ouvidos, ou olhos, sei lá.

Um velho, e querido, tio, já falecido, me dizia sempre:- “Nunca confie em um homem com boina; ou em um japonês, e, ainda, em uma mulher com mais de 60 anos na direção; dê a eles um voto de confiança, e somente xingue após o terceiro deslize deles na condução de seus respectivos carros. Eu nunca entendi muito bem a razão de ter sido incluído no trio um homem com boina, mas a prudência, e o crédito que eu dava ao meu tio, me levavam a obedecer seus conselhos.

Não é uma lei física, nem é uma ciência exata, mas é quase que fatal, é sintomática a falta de traquejo dessas figuras dirigindo.

A imperícia é inerente ao ser humano, todos são imperitos em alguma atividade, dizem que até Einstein tropeçava em alguns setores da sua vida. Eu me apego à generalização, para não me condenar à escuridão, ou à incapacidade intelectual.

Conheço pessoas que nunca aprenderão a cozinhar; nunca aprenderão a tabuada do 7, ou nunca terão noção exata de lugar ou direção, aquelas que se perdem ao menor desvio.

Eu nunca aprenderei a usar um computador, confesso que uma máquina de escrever iria suprir todas minhas necessidades, mas tenho um computador, pois não existem mais máquinas de escrever, e uma máquina de escrever iria me expor ao ridículo, usando uma máquina de escrever eu seria achincalhado... até mesmo pelo meu neto.

Hoje, com o avanço da tecnologia, torna-se desnecessário o porte da Carteira de Habilitação, os novos documentos são detentores de um código, que permite ao condutor comprovar sua identidade e, sobretudo, comprovar sua habilitação, que é o propósito do mencionado título.

Fico a me imaginar sendo parado por um policial rodoviário:- O Sr pode me apresentar sua Carteira de Habilitação?

Eu pediria compreensão:- Seu guarda, é preciso calma nesta hora, tenho que localizar um dos meus três filhos, e o que estiver mais próximo, com certeza, virá atender à sua solicitação.

Eu sou indulgente com minha falta de perícia, mas não creio que qualquer policial fosse tão compreensivo comigo como eu sou. Geralmente os vigilantes rodoviários são mais novos, e nunca entendem esses conflitos de gerações, eu não sou da geração da informática, minha carteira de habilitação ainda é chamada de “carta”.

Não uso boina, sei cozinhar, e nunca deixarei de carregar, aonde for, minha C.N.H, a minha carta, bem junto à carta que recebi da minha amada

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 09/01/2018
Reeditado em 09/01/2018
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