C a p i t u
Para mim um dos personagens femininos mais fascinantes da literatura brasileira é Capitu, de Machado de Assis. Adro tamabém Lívia, Tieta, Gabriela e outros de Jorge Amado. a Lenaita de Júlio Ribeiro (por motivos óvios e uluantes) e outras. Mas Capitu é hors concours.
Que tem Capitu de especial? Tudo, principalmente o mistério. Vejam bem, o autor deixou com o leitor o veredito, se ela traiu ou não o chato do Bentinho. A mim isso pouco importa. Juro. Não dou a mínima se ela corneava Bentinho. O que m fascina em Capitu é a sua maneira de ser, misteriosa, carismática, esquisita, engraçada, anti santinha do pau ôco, mas com uma melancolia chique. Capitu desmoraliza a formaldade, a finesse, a etiqueta. Capitu é gente. E ador porque ela nao abre mão dos seus calunduns. Tá no livro:
"Capitu alegava insônia, dor de cabeça, o abatimento de espírito, e finalmente os seus calunduns". Deixava Bentinho subndo nas paredes, prece que ele nçao era criativo.
Mas me amarro mesmo é nas manhas e nos olhos de Capitu, que o autor descreve direitinho:
"Dá-me uma compreensão exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode magem capaz de dizer sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca".
Ou:
"Onde a verdade e onde a mentira de sentimentos? Seria a bela Capitu, com seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada, uma adúltera? Teria fundamento o ciúme que corrói a alma de Bentinho?".
Capitu era sim uma figura, auma musa, uma mulher que estava à frente dos conceitos do parceiro. Bentinho reconhece:
"Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem".
Flaubert disse certa feita: Madame Bovary sou eu! Machado nao poderia dizer o mesmo de Capitu, ela extrapolou até o autor. É muito maior do que ele, Bovary, Flaubert e o escambau. Capitu é uma arretada. Inté.