As pessoas são muito complicadas

Depois de ter frequentado três universidades e trabalhado em seis empresas, das quais uma multinacional, sinto-me a vontade de dizer que as pessoas tendem a serem muito complicadas. Normalmente, contrariando a regra do uso de métodos simples para solucionar problemas e “problemas”, as pessoas se inclinam pela escolha de caminhos mais difíceis para a solução de seus chamados problemas, os quais, às vezes, são apenas percepções distorcidas de um efeito.

Quando paro para pensar sobre o assunto, formulo várias hipóteses. Faço-me perguntas: se esse “jeitão” de complicar as coisas estaria relacionado com desvios de comportamento, deficiências no processamento cognitivo, baixo nível do coeficiente de inteligência, instrução, maturidade, falta de experiências vividas, incapacidade de análise lógica ou, seria a necessidade apenas de chamar a atenção para suas carências exacerbadas de atenção?

Na área da saúde então complicar é a regra. A parcela de pessoas que sofrem de doenças crônicas não transmissíveis – as DCNT – são as que sempre estão na vitrine, se sentem vitimizadas, mas não fazem absolutamente nada para mudar o seu quadro mórbido. Pelo contrário, se utilizam da sua patologia para chamar a atenção dos outros e poderem complicar as suas vidas e dos outros.

“Talvez o mundo esteja muito nervoso”, como dizia um professor e, isto, tolhe a capacidade do pensamento arejado, simples. Os indivíduos negativos e apocalípticos se avolumam na convivência coletiva, acham que o seu problema é o maior do mundo, aprenderam a olhar com grande propriedade para seus umbigos, como se o corte dos mesmos merecessem atenção estética redobrada. Nunca têm tempo. A possibilidade de dar errado aflora nas suas manifestações quase patológicas. Não aceitam sugestões, pois suas ideias cristalizaram-se apoiadas em verdades retrógradas e fora de sintonia com o nosso tempo: ano 2018, século XXI.

Complicar é fácil, dá um falso “empoderamento”, cria assunto sem a necessidade de pensar, de coordenar palavras, frases, e o parágrafo acontece com a eficácia de sua criatividade inócua.

Viver bem está fora do objetivo das pessoas complicadas, ele preferem viver muito, a qualidade é um detalhe sem a menor importância. Elas não gostam de perguntas, pois estas podem trazer soluções, o que, de longe, não faz parte de suas estratégias; afinal, descomplicar entraria em choque com sua estrutura construída ao longo do tempo. Flexibilizar, nem pensar. Negociar, só se for para complicar mais. Seus caminhos são de via única.

“Bom dia!”. "Bom dia, não entendi."