_________"Dio, Come Ti Amo"
 

 
O filme foi exibido no Brasil no final da década de 60, mas não me lembro exatamente quando foi que o assisti no cinema da cidade. Só sei que eu era bem jovenzinha e tinha um coração romântico, muito romântico, combinando com o tempo e o pensamento daquela época. Os amores profundos, me tocavam profundamente! E foi vendo Dio, Come Ti Amo que pude viver uma das maiores emoções em termos de histórias de amor.

O filme levou multidões às salas de cinema. Ao cinema da minha cidade também. Foi uma noite concorrida, aquela da exibição. Claro que dei um jeito de ir com minhas amigas. Jamais perderia! E acho mesmo que teria perdido muito se não tivesse ido. O filme protagonizado pelo ator Mark Damon e Gigliola Cinquetti — a cantora, aproveitava também para evidenciar a vertiginosa ascensão musical da moça, que aos dezessete despontava num estrondoso sucesso com  Non ho l'etàHo bisogno di vederti, e naturalmente a canção-título do filme Dio, Come Ti Amo.

Na trama de Ennio de Concini, com roteiro de Giovanni Grimaldi e Eliana de Sabata, a bela e delicada Gigliola Cinquetti interpreta Gigliola Di Francesco, jovem de família pobre que se apaixona pelo noivo rico de sua melhor amiga. Tocados pela magia de tão ardente amor, seus familiares a fazem se passar por uma princesa para que ela possa viver o romance impossível.  Trama na tela, e a gente, claro, roendo as unhas, coração a mil, torcendo para que tudo desse certo no final.

E não é que deu? Se me perguntarem qual é a cena  mais emocionante num filme já visto, vou responder: quando Gigliola canta Dio, Come Ti Amo no aeroporto, e sua voz invade o avião em que embarcava seu grande amor. As turbinas ligadas, as hélices funcionando, dão a impressão de que tudo estaria acabado. Restava o apelo daquela voz doce e melodiosa querendo tocar o coração amado. No último instante, com a gente já perdendo a esperança, eis que sai Luis da aeronave já quase em movimento e, descendo as escadas do avião,  corre para os braços da amada.

Fui às lágrimas! Como não ir? Gigliola deixa escapar toda a sua angústia naquele: Luis! E correndo ao encontro dele o abraça fortemente. Depois são os olhos que se encontram, os lábios que se procuram num beijo de pétalas de flor. Apenas o toque macio das bocas apaixonadas, mais nada: naquele tempo o amor era assim, toques, beijos sutis,  delicadezas, e talvez fosse isso, exatamente, o que mais nos seduzia. Inesquecível!

Atualmente, veicula pela internet um vídeo que mostra esse momento que consagrou Dio, Come Ti Amo na história do cinema Italiano e do mundo todo. Isso só prova que minha lembrança estava certa quando o guardou. Ele realmente marcou não só a minha sensibilidade juvenil, mas a de milhares de pessoas daquela época, que ao embalo dos bailinhos viveram amores ardentes e românticos... E até impossíveis como os do casal do filme.

Estranho, como certas emoções se guardam em nós. Não só pelas cenas em si, mas por toda a carga emocional que representam, como parte de nossa vida, em determinados momentos. Hoje revi o vídeo com minha cena favorita de Dio, Come Ti Amo. Sou grata ao filme preservado através do tempo. Sou grata por ainda poder reviver emoções  que povoaram meus verdes anos, no romantismo de um coração apaixonado que só torcia para que o amor saísse vitorioso no final...