Imagem: arquivo pessoal


 
_________Sorte e Azar


Você é uma pessoa supersticiosa? É daquelas que acreditam que algumas coisas trazem sorte, outras, azar? São muitos os objetos ou seres que trazem em si tais simbologias. No caso da má sorte, por exemplo, afaste-se de um espelho quebrado, ou terá sete anos de azar. Escadas? Nem pense em passar debaixo! Se for noivo, jamais veja a noiva antes de casar. Também não varra os pés de alguém, muito menos derrube o sal. Quanto ao numeral 13, risque-o do seu caderninho ou irá se arrepender. O gato preto também tem seu lado escuso: o coitado do bichano nem sabe, mas  está como um dos mais azarentos da lista. Não é de fazer dó?

Por outro lado, é uma sorte existir também o time que nos salva do azar. Deste lado, enfileiram-se os charmosos elefantinhos, o sol com sua boa energia, os peixes, a ferradura atrás da porta, a lua crescente, os pombos que só pacificam, as figuinhas que fecham o corpo — até vêm penduradas em correntes, pra não deixar ninguém na mão. Há também o olho grego, sem contar a estrela de Davi e o trevinho de quatro folhas — tão difícil de ser encontrado quanto a própria sorte. Por fim, custa nada apelar pra uma fitinha do Bonfim, daquelas bem coloridinhas que os turistas trazem aos montes quando vão à Bahia. De lá, elas vêm como bentas, e só devem sair do braço pelo desgaste natural do tempo. Do contrário... Deixa pra lá.

Mas não custa lembrar também que, independente do que se faça, é preciso ter fé, muita fé. Mentalizar bastante e desejar profundo. Isso vale para as duas alas, a do azar e a da sorte. De nada adianta você se safar da escada, se lá na frente não prestar atenção na pedra do caminho: vai levar um belo tropeção. Certamente do chão não passará, mas ficará ali estatelado até que alguém o socorra. Da mesma forma não adianta fazer acordo com a fitinha do Bonfim e ao mesmo tempo investir num pedido sem noção. Seus Anjos e Santos, por mais poderosos que sejam, ficarão em maus lençóis para lhe atender. Provavelmente não conseguirão.

Nunca fui de  ligar para superstições, tampouco ficar campeando sorte ou correndo do azar. Mas algo que não me deixa indiferente são os grilos verdes, outro símbolo poderoso dos bons fluidos. Este inseto, dizem, é fundamentalmente um forte amuleto. Aconselham sempre recebê-lo bem em casa, quando ele der as caras, ou melhor as asas verdinhas. E dependendo da fé, até guardá-lo em uma caixinha. A crença nos grilos se origina especialmente da cultura chinesa, grande responsável pela propagação de suas boas energias e de tudo o que ele representa, entre várias localidades do mundo.

Os grilos verdes pululam neste ambiente em que habito. Frequentemente os encontro pelo chão, agarrados aos móveis, nas dobras das cortinas, nos azulejos, nas portas. Não satisfeitos em inundarem minha casa com ondas e mais ondas de sorte, de vez em quando me pegam de surpresa com seus voos rasantes, me dando uns bons sustos. Mas não ligo, não. Pra minha sorte, eles não se desgrudam de mim. E sempre os recebo bem, permitindo que se sintam perfeitamente à vontade .

Coincidência ou não, parece que o grilo verde desperta a curiosidade de muita gente. Não é à toa que meu texto “Grilo Verde Em Minha Vida” é minha publicação mais lida neste site, Recanto das Letras. Publicado em março de 2010, até o momento ele conta com 16.339 leituras. Sou obrigada a acreditar que esse grilinho me dá a maior sorte... Afinal não é uma sorte ser lida por mais de dezesseis mil pessoas? E todas atrás da boa sorte, imagino... Ah, Grilinho Verde, meu querido...


 
(Grilo Verde Em Minha Vida - Crônica - Março/2010 )